A Câmara dos Deputados retomou a análise dos destaques à Medida Provisória 595/2012, conhecida como MP dos Portos, no início da tarde desta quarta-feira (15). Por volta do meio-dia, cerca de uma hora após o início da sessão extraordinária, o plenário ainda não contava com a quantidade mínima de 257 deputados para que ocorra votação. Isso só ocorreu por volta das 13h. O texto-base da MP foi aprovado por volta das 20h desta terça-feira (14) e 12 destaques foram analisados ao longo da madrugada. Ainda restam 14 destaques a serem votados.
INFOGRÁFICO: Veja explicação do planejamento e do contrato da MP dos Portos
Trabalhadores do Porto do Paranaguá encerram paralisação
Para a matéria não caducar, o governo batalha pela aprovação ainda hoje na Câmara, de modo que seja possível enviá-la ao Senado em seguida, para leitura, e votá-la nesta quinta-feira (16). A MP perde a validade na madrugada de quinta para sexta-feira.
Questionado por jornalistas nesta quarta-feira se já é tarde para a Câmara aprovar a MP, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), afirmou que ainda "é possível" aprovar a proposta antes de ela perder a eficácia. Alves, que passou a presidir a sessão do plenário no início desta tarde, disse que a Casa tem de "votar e corresponder à expectativa do Brasil".
"Respeitando a obstrução da oposição, é legítimo, mas (é preciso) que a Casa possa votar e corresponder à expectativa do Brasil", afirmou ele, na chegada ao plenário. Desde terça, a oposição trabalha, se valendo de artifícios regimentais, para inviabilizar a apreciação da MP.
O ministro-chefe da Secretaria dos Portos, Leônidas Cristino, chegou no início da tarde ao plenário da Câmara e disse que foi "agradecer" o empenho dos deputados na votação da MP dos Portos durante a madrugada. Ele afirmou que está confiante na aprovação da medida nos plenários das duas Casas antes de ela perder a validade, na madrugada de quinta para sexta-feira. "Tenho certeza que o Congresso não vai faltar ao povo brasileiro neste momento", disse. "Vai dar tempo", prevê.
O líder do PT no Senado, Wellington Dias (PT-PI), considera que "o maior inimigo da regra dos portos é o tempo". "Ou tem acordo ou é real o risco de a Câmara não apreciar em tempo de o Senado votar", disse ao Broadcast, serviço de informações em tempo real da Agência Estado. A esperança dele é que os deputados aprovem o projeto a tempo de ser lido ainda nesta quarta no plenário do Senado. O senador petista avalia que lá o governo tem "maioria confortável". "E o lado bom é que o projeto já vai chegar no Senado mais desenhado", afirmou.
Debate longo
O debate na Câmara foi demorado ao longo desta terça e continuará devagar nesta quarta por que o PMDB faz questão de votar as emendas individualmente e os partidos de oposição, DEM e PSDB, obstruíram a votação e usavam o tempo de discurso para prolongar o debate. Porém, o governo fez prevalecer a maioria até agora e derrubou as principais modificações do texto.
O empenho da bancada governista para aprovar a medida aconteceu após a ministra Ideli Salvatti negociar a liberação de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares nessa semana. A MP dos Portos estabelece novas regras para as concessões, arrendamentos e autorizações de instalações portuárias, públicas ou privadas.
Sessão suspensa
Pouco antes das 5h, quando o painel eletrônico registrava o voto de 243 deputados, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB) encerrou a sessão por falta de quórum. O plenário votava um requerimento do PSDB, para a retirada da MP de pauta.
Polêmica
A principal modificação ao texto rejeitada pelos deputados havia sido apresentada pelo líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ) por 270 votos contrários e 172 votos a favor na noite de terça.
O ponto mais polêmico da medida que foi rejeitado era a previsão para que os contratos de portos privados e públicos fossem renovados uma única vez pelo prazo máximo de sua vigência. O governo defendia que isso não estivesse expresso no marco regulatório porque a maioria dos contratos já estabelece um sistema de renovação, em geral com previsão de 25 anos.
Outra medida estipulava que os operadores portuários que estivem inadimplentes com a União poderão negociar os débitos por meio de arbitragem, mesmo que estejam sendo cobrados em instância administrativa ou judicial. Ainda fazia parte da emenda a previsão para que a área dos portos pode ser ampliada pelos Estados, desde que em caso de "justificado interesse público" e tendo sido discutida e autorizada em uma audiência pública. A versão trazia ainda a proposta para que a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) possa repassar aos Estados a administração de portos.
Senado
O Senado chegou a prorrogar a sessão na noite de terça por mais de cinco horas para esperar o fim da votação na Câmara. Mas, devido a demora, encerrou os trabalhos por volta das 23 horas. O esforço faria parte da estratégia para permitir que a medida fosse apreciada nesta quarta no Senado.
Pelo regimento interno do Senado, a leitura da medida provisória tem de ser feita em uma sessão e a votação em outra. O segundo-vice-presidente do Senado, que presidia os trabalhos na Casa, senador Romero Jucá (PMDB-RR), convocou então os senadores para uma sessão nesta quarta, às 12 horas, com vista à leitura da MP dos Portos. A previsão é que a votação ocorra até quinta.
Trabalhadores do Porto do Paranaguá encerram paralisação
A paralisação dos trabalhadores portuários de Paranaguá, no Paraná, foi encerrada na noite de terça-feira (14). O terminal opera normalmente nesta quarta-feira (15). A categoria suspendeu as atividades das 13 às 20 horas para protestar contra a Medida Provisória 595/12, conhecida como MP dos Portos, que propõe um novo marco regulatório para o setor e passa por votação na Câmara dos Deputados, em Brasília.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Estivadores de Paranaguá e Pontal do Paraná, Antônio Carlos Bonzato, a paralisação terminou logo após aprovação do texto base da MP dos Portos no Congresso. Nesse texto, segundo ele, ao menos 17 itens reivindicados pelos trabalhadores portuários foram atendidos. "Questões como a aposentadoria especial, treinamento e segurança foram contempladas", disse Bonzato.
Mesmo com os estivadores parados, os caminhões que transportam grãos para o porto continuaram descarregando em Paranaguá. Manifestações semelhantes foram registradas nos portos de Santos, que irá terminar nesta tarde, e do Rio Janeiro.
Boicote do agro ameaça abastecimento do Carrefour; bares e restaurantes aderem ao protesto
Cidade dos ricos visitada por Elon Musk no Brasil aposta em locações residenciais
Doações dos EUA para o Fundo Amazônia frustram expectativas e afetam política ambiental de Lula
Painéis solares no telhado: distribuidoras recusam conexão de 25% dos novos sistemas
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast