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Financês

A festa do boicote

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Até as 15 horas de ontem, mais de 177 mil pessoas já tinham respondido "sim" a um convite feito por uma página na rede social Facebook. Não é um chamado para alguma festa, mas a convocação para um boicote aos postos de combustível da BR Distribuidora, empresa do grupo Petrobras que é líder nacional no segmento. A proposta, segundo consta na página da rede, é que os usuários deixem de abastecer nos postos da marca nos meses de junho, julho e agosto. Com isso, os criadores do movimento pretendem fazer com que a companhia baixe seus preços – no que, defendem, seria seguida pelos concorrentes, provocando um movimento geral de queda.

Entre os comentários dos usuários do Facebook constam opiniões diversas. A maioria é favorável à tal ideia, mas há quem a ache antipatriótica. "O Brasil vai aniquilar-se a si mesmo se boicotar a Petrobras", diz um deles. "As multinacionais agradecem", diz outro.

É um vespeiro, porque cada um tem sua opinião – algumas vezes bem fundamentada, outras nem tanto – e avança com um ferrão para cima de quem vai contra. Por isso não quero entrar no mérito de quem deveria ser boicotado. Meu interesse é saber se um movimento como esse pode dar certo. Para isso, consultei Breno Lemos, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná e professor da PUC. Ele acha que o princípio é correto. "Quando se trata de mercado, o único protesto que funciona é aquele que ataca a relação entre oferta e demanda", observa. E é esse o caso. "E gasolina a R$ 3 o litro é demais."

Lemos reconhece que o tema é complexo. Para começar, pelo fato de que os preços da gasolina, especificamente, têm subido nos últimos meses porque a demanda está em alta. Há mais carros no mercado, que é dominado pelos veículos flex. Como o preço do álcool combustível está em alta por razões sazonais, essa turma toda passou a abastecer com gasolina. O resultado é que tem havido escassez de gasolina em alguns pontos do país. Por essa leitura, há razões reais para os preços estarem subindo.

Por outro lado, os postos de combustível oferecem ao consumidor um produto indiferenciado. Sua competição se dá por meio da localização dos postos e do preço. Sendo assim, quem está caro não vende. Havendo boicote, "todos eles vão ter de esmagar um pouco as suas margens", fiz o economista.

Mas deixar de comprar de uma única empresa vai fazer os preços caírem mesmo? Difícil dizer. "O que funcionaria, com certeza, seria uma mudança de hábitos do consumidor", diz Lemos. "O ideal seria fazer um uso mais racional do automóvel, misturando transporte coletivo, caronas e bicicleta, por exemplo.

Outros preços

O conceito do boicote, entretanto, é válido para todo preço de mercado. A pipoca no cinema ficou cara demais? Deixe de comprar. Sua marca favorita de sabão em pó subiu? Procure uma alternativa. O poder do consumidor está nas decisões que ele faz. O resultado no seu orçamento mensal pode ser bastante razoável – além de ter o efeito colateral benéfico de contribuir para baixar preços em geral.

Distribuidora

No caso da gasolina, vale lembrar que a Petrobras é fornecedora de todas as distribuidoras de petróleo do país. Todas elas precisam recorrer à gasolina que a estatal produz em suas refinarias.

Mudando de assunto...

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Algumas dúvidas comuns do investidor iniciante estão respondidas lá, de forma bastante didática. E o primeiro passo ("Defina um objetivo" para o investimento) tem uma sacada bem interessante. "Dê um nome para o seu investimento: ‘meu apartamento’, ‘meu carro novo’, ‘a viagem que sempre planejei’, ‘minha aposentadoria’, ‘os estudos do meu filho’; escolha algo significativo para você", essa é a sugestão.

Funciona bem, porque torna o objetivo mais palpável. Experimente!

Até mais!

A coluna volta na próxima terça-feira. Antes disso, você pode enviar sua sugestão ou dúvida em finanças pessoais e educação financeira. Escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br.

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