Em um domingo à noite, há alguns meses, parei em um semáforo ao lado de um homem e seu cachorro. Moradores de rua, provavelmente, eles dividiam um pacote de salgadinhos. Em pé, perto da esquina, o homem pegava um do pacote para si próprio, e atirava outro para o cachorro. Sucessivamente. A certa altura, comeu dois salgadinhos seguidos o companheiro ainda estava mastigando quando era sua vez. Em seguida, manteve a justa distribuição: dois salgadinhos também para o cachorro.
Semana passada passava pelo mesmo lugar e reencontrei a dupla. Chovia, e o cachorro lembrava um pastor alemão pelo porte e cor estava vestindo uma espécie de capa feita de sacos de lixo pretos. Ao abrigo do mau tempo, saltava ao lado do amigo humano. Olhando assim, nenhum dos dois parecia abandonado. Por mais difíceis que sejam as circunstâncias e a economia sinaliza com anos difíceis, conforme você verá nesta coluna , há sempre espaço para ser solidário. De preferência com os seres humanos, mas também com os bichos.
Pense nisso em 2015. E mantenha as suas finanças em ordem, porque assim você multiplica seu potencial para ajudar os outros. Feliz ano novo.
Números
Segundo o IBGE, o brasileiro gastou em média R$ 30 por mês em 2012 (último dado disponível) com doações, mesadas e pensões. O valor equivale a 2,2% da renda média.
Sobre previsões
Nesta época do ano sobram reportagens e artigos tentando decifrar como será 2015. No que se refere à economia, não é preciso ser adivinho para prever que teremos dias difíceis. Há muitos fatores a influenciar, tanto no front interno como no externo. No interno, o principal nó está em como o governo vai tratar a questão dos seus gastos. Lá fora, a capacidade de crescimento da China será essencial para manter a economia global rodando.
O preço do petróleo também vai fazer uma baita diferença inclusive para quem tem ações da Petrobras. A queda dos últimos meses vai fazer muito mal para países como a Rússia, a Venezuela e o Irã. Uma reversão talvez não demore muito a aparecer, já que os preços baixos tendem a tirar do mercado concorrentes cujo custo de produção é alto. Há muita névoa pela frente, e é difícil ver o que virá. Nesta virada de ano, a Economia está merecendo o apelido que tem em inglês: dismal science, a ciência sombria.
Mais sombras
No blog Marginal Revolution, o economista Tyler Cowen aponta nove incertezas na economia mundial, com seu palpite. A oitava é: "Será que Brasil e México darão fim à piora na situação econômica da América Latina?" Cowen acha que não. Ele também prevê o aprofundamento da crise na Itália e na França e teme que os EUA não transformem o crescimento em maior renda para a população.
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