Sinuca de bico é uma expressão popular que remete a um beco sem saída, uma situação em que há dificuldades de diferentes tipos, que tornam muito difícil uma solução. As palavras são emprestadas do jogo de bilhar: lá, sinuca de bico é quando a bola branca, usada pelo jogador para derrubar as outras na caçapa, está em um canto da mesa, com bolas do adversário a lhe ocultar os objetivos.
Com inflação de 6,75% acumulada nos últimos 12 meses e crescimento baixíssimo, a economia brasileira está em uma sinuca de bico. Pense só: nos últimos 60 meses (ou seja, de outubro de 2009 a setembro de 2014), o IPCA acumulado soma 34,5%.
Em momentos de pico inflacionário, é importante estar atento para formas de sofrer menos com os aumentos de preços, em especial nas compras de supermercado. Quer algumas dicas para escapar da sinuca? Aí vai
1) Vá sempre com uma lista. Assim você se concentra no que é necessário e deixa de exagerar em supérfluos.
2) Não despreze os encartes de ofertas. Compare as ofertas de estabelecimentos concorrentes e vá em busca do que está anunciado a preço baixo.
3) Fique de olho no caixa. Com frequência os valores do sistema da loja são diferentes daqueles anunciados nas gôndolas. Cobre o valor mais baixo, sempre.
4) Converse com os funcionários. Muitas vezes o caixa do supermercado sabe tudo sobre as ofertas. Batendo papo na hora de passar as mercadorias, ele pode alertar sobre alguma boa compra que você está perdendo.
5) Não desperdice. Compre o que vai consumir. Deixar alimento estragar em casa é jogar dinheiro fora. Grandes números
Segundo o Banco Central, o valor total das notas e moedas em circulação no país no último domingo somava R$ 200.071.142.731,10.
O número é 10% superior àquele registrado em 12 de outubro de 2013.
Strike
A recessão do início do ano está provocando um strike na economia. Para quem não tem uma boa noção de como as coisas funcionam, aí vai uma história didática.
Conversava dia desses com um amigo cuja pequena empresa fornece máquinas, software e serviços para automação comercial. Seus clientes são pequenas e microempresas na região de Curitiba. Para atendê-los, ele chega a percorrer centenas de quilômetros por dia. Nos últimos dois meses, a inadimplência de seus clientes foi às alturas. "Passou dos 50%", contou.
Suas despesas, no entanto, não podem ser cortadas. Para não aumentar seus prejuízos, ele tomou uma medida que alguém pode achar paradoxal: está cuidando para não vender demais. Ele explica que seu custo com fornecedores é alto e a inadimplência de clientes novos pode piorar o desequilíbrio. "Melhor não vender do que perder dinheiro com um mau cliente", diz.
O encolhimento da economia (que, quando ocorre por dois trimestres consecutivos, recebe o nome de recessão técnica) tem efeitos cruéis como esse, de fazer gente trabalhadora pisar no freio por falta de confiança no ambiente econômico. Meu amigo sabe que seus clientes não são nós cegos, pelo contrário: estão tentando ganhar dinheiro e investem em equipamentos para cumprir a legislação fiscal. Mas a recessão afeta empresas e cidadãos. Em geral, todo mundo passa a ter vendas menores durante um tempo. Muitas empresas demitem gente ou trocam trabalhadores mais caros mais experientes, por exemplo por mão de obra mais barata. Como resultado, há menos dinheiro circulando na economia, o que resulta em vendas ainda mais baixas.
Ainda vai demorar um tempo para o meu amigo equilibrar seus ganhos. Provavelmente, ele demorará um pouco mais para recuperar a confiança em seus clientes. Por isso é tão complicada a retomada da economia. Ela envolve fatores objetivos e subjetivos.
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