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Financês

Você tem ido à academia?

Você paga por serviços que não usa? De cara, a maioria dos leitores deve responder que não. Mas pense bem – revise mentalmente os contratos que você tem com a operadora de telefone, tevê a cabo… Não será surpreendente se você sequer se lembrar pelo quê, exatamente, está pagando. E quanto à academia?

Falando de mim mesmo: eu não tenho ido, infelizmente. Moro em um condomínio que tem esse benefício, mas não desfruto, mesmo sabendo que deveria (e que o custo estará incluído na taxa mensal do condomínio, quer eu use, quer não). Anos atrás, eu e um amigo combinamos de ir juntos, para que um estimulasse o outro. Fomos uma vez e nunca mais falamos no assunto. Mas pagamos um mês completo...

Um estudo publicado em 2006 por dois economistas, um da universidade de Berkeley e outro de Stanford, mostrou que isso não acontece só comigo. O estudo apontou que cada usuário de academia de Boston desperdiçava, em média, US$ 700 por ano simplesmente por pagar por um contrato ilimitado e ir ao estabelecimento apenas quatro ou cinco vezes ao mês. Segundo os autores (Stefano Della Vigna e Ulrike Malmendier), o problema é que os usuários superestimavam sua força de vontade e investiam em contratos anuais, que acabariam por não cumprir. Quem quiser conferir o estudo pode olhar em http://goo.gl/JHcJcV (está em inglês/economês).

O problema do petróleo

O preço do petróleo baixou ontem pela manhã dos US$ 45 por barril, algo que não se via há seis anos. Uma das grandes discussões do momento nas esferas econômicas internacionais é sobre quanto durará esse recuo (e qual será o novo patamar de preços que irá se estabelecer). Os bancos de investimento quebraram a cara ao prever com seus elaborados modelos estatísticos "pisos" para a mercadoria que foram furados pela realidade, um atrás do outro. Andrew Hall, chefe da Phibro, uma das grandes negociadoras de commodities do planeta, diz que US$ 40 por barril é "piso absoluto". Será?

Das Arábias não vem muito consolo. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) pronunciou-se dizendo que não tomará medidas para intervir no mercado. O ministro do Petróleo dos Emirados Árabes Unidos, Suhail Mohamed Faraj al-Mazrouei, disse que seu país tem condições de se segurar com os preços baixos por um bom tempo. O príncipe saudita Alwaleed bin Talal, cuja família está assentada sobre as maiores reservas conhecidas no mundo, e também "as mais fáceis e baratas de extrair", disse em entrevista ao The New York Times que "não vamos mais ver US$ 100 [por barril]".

Entenda: a queda do preço do petróleo nos últimos anos tem três principais motores: o surgimento de tecnologias para obtenção de gás que dispensam o petróleo (o shale gas americano), a popularidade das energias alternativas (eólica, solar, etc) e o surgimento de novas regiões produtoras (o Brasil do pré-sal inclusive). Esses são concorrentes dos grandes e tradicionais produtores de óleo e têm em comum um custo de produção relativamente alto. Ao manter o preço em baixa, a Opep está sufocando sem grande esforço a concorrência.

Essa é uma questão importante para a economia brasileira, cujos reflexos vão além das óbvias consequências para as ações da Petrobras. Primeiro, é natural que a sociedade brasileira exija reduções expressivas no preço interno dos combustíveis – aliás, fico surpreso que esse movimento ainda não tenha começado, inclusive porque a posição da Petrobras para reclamar uma manutenção de preços sob o argumento de recomposição de lucros está enfraquecidíssima pelos escândalos de corrupção.

Segundo, porque o preço em queda compromete o interesse em investir na exploração do pré-sal. Pressionada pela sua própria crise, a Petrobras sinaliza com a possibilidade de vender áreas de concessão. Péssimo momento. Quem vai comprar?

Na ata da reunião de dezembro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (o Copom) apontou a "ampliação das áreas de exploração de petróleo" como um dos fatores que favorecem o investimento na economia brasileira – e que, portanto, podem resultar em crescimento econômico em 2015. Esse fator já pode ser considerado eliminado, o que significa baixo crescimento em 2015. De novo.

Escreva...

Mas pode ir à academia antes. O e-mail é financaspessoais@gazetadopovo.com.

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