As cotações dos principais produtos agrícolas cultivados no Paraná e no Brasil estão nas alturas. Clima e câmbio proporcionam um período histórico de preços e elegem essas duas variáveis como determinantes no desempenho do ciclo 2015/16. Feijão, soja, milho e trigo experimentam uma valorização singular para a época, em alguns casos muito acima de 100% em relação há um ano. Bom para o produtor, ruim para o consumidor. Uma gangorra que pesa mais no bolso do consumidor quando se tratam de produtos que compõem a dieta básica da população, como trigo e feijão.
Em relação à média de junho do ano passado, de R$ 111,80/saca, na semana passada o feijão de cor registrou negócios no mercado paranaense a R$ 430/saca. Enquanto que o trigo, de R$ 34,06, para R$ 52,08. Os valores são do preço pago ao produtor apurado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento. A série, acompanhada pelo Deral em diversas praças do estado, também mostra o milho encerrando a semana passada com preços até 60% maiores e a soja com variação de até 62% na comparação com a média de junho de 2015.
Com o dólar relativamente estável nos últimos 30 dias, além da influência do câmbio, as cotações no mercado interno começam a responder ao reflexo do clima, que reduz a oferta, principalmente de milho e feijão. E à Bolsa de Chicago, onde a soja já rompe a casa dos US$ 11/bushel, o milho se firma próximo dos US$ 4,2/bushel e o trigo na casa dos US$ 5/bushel. Tudo isso em plena especulação sobre a maior safra de grãos e cereais do mundo. As lavouras nos Estados Unidos estão em desenvolvimento e muita coisa pode mudar, por lá e por aqui.
A depender do clima nas próximas semanas no Hemisfério Norte, a oferta pode muito, para mais ou para menos, e Chicago reagir, para cima ou para baixo, com consequências imediatas no mercado brasileiro. Um movimento que fatalmente será potencializado pelo movimento do câmbio na economia nacional.
MT segue firme no MAPA
O Ministério da Agricultura (Mapa) confirmou na semana passada Neri Geller como o novo titular da Secretaria de Política Agrícola. Ele chega para reforçar a equipe do ministro Blairo Maggi. Neri volta ao ministério dois anos e cinco meses depois de ter deixado a pasta como ministro, posto que ocupou por noves meses como sucessor de Antônio Andrade. Ele foi o titular da pasta no final do primeiro governo da presidente afastada Dilma Rousseff. Junto com Neri e Maggi, quem também volta para o Mapa é o Mato Grosso. Além do ministro e do secretário de Política Agrícola, o secretário Executivo também vem de lá.
Nos últimos 13 anos, dos governos Lula e Dilma, passaram pela Agricultura três representantes paulistas, um paranaense, um gaúcho, um mineiro, um mato-grossense e um do Tocantins. Com exceção do ministro Roberto Rodrigues, o primeiro da era PT, que era sem partido, todos os outros eram do PMDB. Os três paulistas somaram seis anos e o paranaense sozinho ficou por três anos. Depois vem o nome do Tocantins, dois anos e quatro meses, Rio Grande do Sul, um ano e sete meses, Minas Gerais um ano e Mato Grosso, 10 meses.
Mas o que isso importa afinal? Isso significa descontinuidade, falta de prioridade e de política pública para o agronegócio. É a politização e partidarização do Ministério da Agricultura. Uma pasta que, assim como ocorre com a Fazenda e o Banco Central, seria preciso competência mais técnica do que política para o comando. Agora, pela primeira vez em mais de 13 anos, uma combinação de fatores políticos e técnicos parece dar uma chance ao ministério e à agricultura brasileira. A pergunta é: quanto tempo isso durar?
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