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Commodity com maior liquidez no mercado internacional depois do petróleo, a soja ganha um concorrente de peso na temporada. Após um ciclo desastroso – que só não foi pior graças à intervenção do governo federal, com subvenção ao escoamento – o milho dá a volta por cima. O primo pobre da oleaginosa ganha status, preço e demanda. Na ponta do lápis, em algumas regiões do país pode ser mais interessante plantar o cereal em detrimento da área de soja. A considerar fatores como oferta e demanda, preço e mercado, se 2010/11 foi o ano da soja, 2011/12 será sem dúvida o ano do milho. Melhor para o Brasil e mais ainda para o Paraná, estado que lidera a produção nacional do grão.

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O novo cenário é resultado principalmente do recuo na safra dos Estados Unidos, os maiores produtores, que deve colher pelo menos 26 milhões de toneladas a menos devido a problemas climáticos. Assim, o porcentual do volume destinado pelos norte-americanos à produção de etanol se aproxima dos 40% da produção e deixa os estoques mundiais ainda mais apertados. Na Bolsa de Chicago, em um ano a cotação do milho subiu mais de 50%, resultado de uma nova configuração de mercado, onde o preço do cereal é impactado mais pelo viés da produção de energia do que necessariamente da sua tradicional destinação, a alimentação humana e animal. De qualquer forma, um cenário que favorece o Brasil.

Na safra anterior o país colheu 56 milhões de toneladas. Produção pequena se comparada com as mais de 300 milhões de toneladas norte-americanas ou mais de 150 milhões de toneladas chinesas. Mas num ano de escassez do produto, um player fundamental para dar sustentação à equação de oferta e demanda mundial. Sem falar que enquanto cai a produção nos Estados Unidos, cresce aqui na América do Sul. Na safra de verão, ou 1.ª safra, que apenas começa a ser plantada, o Brasil aposta – e tem potencial para tanto – em um crescimento próximo de 10%, para mais de 36 milhões de toneladas. Um avanço proporcional aos principais estados produtores, puxado pelo Paraná, responsável por 27% da produção nacional. No acumulado das duas safras (1.ª e 2.ª) o desempenho pode superar 60 milhões de toneladas.

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O milho vira negócio de gente grande. Ganha espaço no campo e no mercado futuro com as vendas antecipadas. E apesar da disputa de área e o reajuste mais tímido nas cotações internacionais (ver tabela), a soja também continua sendo uma boa opção, tornando a decisão mais criteriosa e difícil ao produtor de grãos. Agora uma coisa é fato: o milho cresce em área e produção, numa retomada para diminuir a dianteira do seu principal concorrente. Isso não significa redução, mas com certeza limitação no potencial de crescimento da soja.

Diante da disputa, o mercado global está apreensivo e de olho no Brasil, mas por pouco tempo. As cartas começam a ser dadas. Esta semana marca oficialmente a abertura do plantio de soja no Brasil. Com o fim do vazio sanitário, dia 15, e antecipação da época de semeadura, autorizada no zoneamento agrícola da cultura, em poucos dias será possível ser mais assertivo nas projeções. Apesar do interesse maior no cereal, a oleaginosa tem potencial nacional para um desempenho superior a 75 milhões de toneladas, seja em ganho de área ou produtividade. Isso só não acontece se o clima não ajudar. As previsões ainda são nebulosas, mas é possível que a safra seja influenciada pelo La Niña, com falta de chuvas entre dezembro e janeiro.

Por outro lado, o aumento da área de milho, por menor que seja, contribui para resgatar o conceito de sistemas de produção, da agricultura que respeita a rotação de culturas e o correto manejo da terra, que entre outros benefícios permite o plantio direto na palha, técnica de cultivo econômica e ambientalmente correta. Um modelo que reduz o impacto das operações de máquinas e garante maior controle natural de pragas e plantas daninhas. Mas que devido ao maléfico domínio da monocultura não vem sendo executado em sua plenitude.

Mas na soja ou no milho, o interessante é que a aposta este ano não é no escuro. É esperar para ver. Como nunca, a decisão é única e exclusivamente do produtor, sem a pressão do mercado por esta ou aquela cultura. O momento lhe permite uma escolha racional do ponto de vista tecnológico, econômico e, por consequência, sustentável do negócio agricultura.

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