Só o fato de Mario ser protagonista já torna um jogo fantástico. A afirmação anterior, que não é endossada por esta coluna, foi feita pela revista japonesa Famitsu, bíblia da indústria, ao dar nota máxima a New Super Mario Bros. Wii, lançado recentemente para o console de mesa da Nintendo. O personagem bigodudo é quase um selo de qualidade e não costuma decepcionar seus seguidores. Se houvesse uma lista definitiva com os dez melhores jogos já feitos na história, com certeza a série emplacaria, no mínimo, três: Super Mario Bros. 3 (NES), Mario Kart (SNES) e Mario 64 (N64). O que ajuda a explicar porque qualquer lançamento com a marca costuma roubar a atenção da mídia e crítica especializada.
Este ano foi diferente. Apesar de se tratar de ser um grande jogo, teve a infelicidade de ser lançado na mesma época em que chegou às lojas Call of Duty: Modern Warfare 2, um dos maiores acontecimentos do mundo do entretenimento. Estaria Mario começando a fraquejar perante novos nomes, como Halo, Call of Duty e Uncharted? Possivelmente teremos a resposta nos próximos lançamentos.
Mas, como bem lembrou a Famitsu, Mario é especial. Não é a toa que o encanador, criado pelo designer japonês Shigeru Miyamoto em 1981, já apareceu em mais de 200 jogos e, somente nos que foi protagonista, teve mais de 210 milhões de cópias vendidas. Virou boneco, desenho, filmes e vários outros produtos. Virou pop e o garoto-propaganda não só da Nintendo. É também um ícone do mundo dos videogames. Estampa camisetas de quem nem sequer tocou num joystick em toda a vida.
Em New Super Mario Bros. Wii, a Nintendo retorna às origens e traz o bigodudo de volta para uma aventura em 2D, aquela em que se passeia por cenários em apenas um eixo, direita-esquerda. Os elementos de tela, como personagens e itens, foram construídos em três dimensões para aproveitar melhor o potencial gráfico do Wii. A jogabilidade, no entanto, é a mesma da emprega na década de 80. Mario e seus companheiros, o irmão Luigi e o cogumelo Toad, devem resgatar a princesa Peach. Esta versão é apenas um aperfeiçoamento dos clássicos, o que pode fazer que com alguns sintam cheiro de naftalina ao colocar o disco no console.
Existem poucas diferenças com os jogos do passado. Entre elas estão novas roupas (que dão poderes especiais). Usando um traje de pinguim, por exemplo, o jogador pode escorregar mais rápido por cenários e congelar inimigos. Um chapéu com hélice faz o protagonista voar e um cogumelo azul torna-o pequeno. O acréscimo de um modo multiplayer para até quatro jogadores, há muito pedido pela fãs da série, é outro ponto de destaque.
A principal novidade, porém, promete agradar que não tem muita afinidade com os controles. Com o sistema "Super Guide", o jogador que perder oito vidas em uma fase pode escolher para que o computador termine a jornada sozinho. É só apertar um botão que Luigi aparecerá na tela e mostrará como se faz para completar o desafio. Este é mais um passo da Nintendo em direção aos jogos casuais. Qualquer um poderá terminar o game independentemente de suas qualidade motoras e intelectuais.
New Super Mario Bros. Wii mereceria a nota máxima caso não tivesse regredido no quesito de controle das ações. Para fazer uso do sensor de movimentos, a Nintendo tornou complicado dar um simples pulo. Mario só sai do chão se o controle for chacoalhado. Se por um outro motivo o mesmo movimento for realizado, como uma reacomodação no sofá, o personagem sairá pulando como um canguru na tela, o que prejudicará o desempenho. Outro erro foi a companhia japonesa impedir o uso do controle "classic" (vendido separadamente), que seria quase perfeito para a interação.
Na comparação com seus antecessores, NSMBW consegue manter-se à altura e posiciona-se como um grande jogo entre os recentes títulos do Wii. Só com uma mudança nos controles, no entanto, faria dele merecedor de cinco estrelas. Que fique com quatro então.