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Talento em pauta

Contratei errado. E agora?

A busca pelo preenchimento de uma vaga de trabalho de maneira assertiva não é um processo fácil. O processo é composto por várias etapas. De modo geral, contamos com a avaliação e triagem de currículos, período de entrevistas, coleta de informações pregressas e entrevistas por competências. Dependendo do cargo, algumas empresas ainda aplicam testes, fazem dinâmicas de grupo ou mesmo entrevistas com diferentes funcionários da empresa contratante. O processo seletivo geralmente varia entre um e três meses, até que a oportunidade seja preenchida. Entretanto, mesmo após todo o processo de seleção, é possível que o contratante chegue à conclusão de que o profissional escolhido não é adequado ao cargo.

Nesse caso, a escolha errada no processo seletivo implica retrabalho e prejuízo financeiro para o contratante – sem falar na perda de tempo.

De acordo com as leis nacionais, o custo de um funcionário, por mês, considerando encargos e benefícios, pode ser superior ao dobro de seu salário. Tomemos por base um salário de R$ 2.600,00. Este funcionário, com todos os impostos, custa mensalmente R$ 5.684,34 para a empresa. Caso o profissional seja desligado após o período de experiência, o valor da indenização será de R$ 7.015,00. Nesta conta, não consideramos os custos envolvidos no processo seletivo, tempo perdido, horas de trabalho dos profissionais envolvidos na seleção, o treinamento do funcionário, instalações e outros gastos variados.

Há como evitar?

Mas como evitar que erros na contratação acarretem em prejuízos para a empresa? Há um segredo bastante simples que ajuda a diminuir enormemente a chance de erro: é preciso definir com clareza o perfil e todas as funções e atribuições da vaga, de acordo com as práticas e valores da empresa. Ou seja, traçar um perfil prévio com todas as qualificações e comportamentos que a posição necessita é um pré-requisito indispensável. Muitas vezes o candidato é ótimo, mas não para aquela vaga em questão – seja por conta da diferença de valores ou de competências comportamentais em relação a ele e a empresa, por exemplo. A entrevista precisa funcionar como uma ferramenta de avaliação, para analisar cada fase da carreira e os comportamentos do candidato nas principais situações passadas. Porém, um processo somente com a entrevista por competências não é suficiente. A complementação de técnicas para avaliar a personalidade do candidato auxilia na identificação do perfil. Há muitas metodologias reconhecidas que facilitam o conhecimento aprofundado que vão além de medir os aspectos técnicos. Além disso, os recrutadores também buscam prever o comportamento e a aceitação do profissional em seu futuro cargo, considerando suas novas atribuições, condições de trabalho, clima grupo, entre outros.

Ademais, não são só reflexos financeiros que uma má contratação traz consigo. Ela também germina uma deturpação do clima organizacional. Do mesmo modo que bons líderes afetam positivamente o clima, pelo seu modo induzir e desenvolver emoções e coesão no grupo, uma presença inadequada provoca o desentendimento dos demais integrantes da equipe. Isso fomenta críticas, desaprovações, fofocas e outros fatores que atrapalham não só a produtividade como a motivação dos funcionários.

Em níveis gerenciais e diretivos a situação é ainda mais grave, por serem posições estratégicas e que não podem ficar desocupadas. Quando saídas ou desligamentos inesperados ocorrem nesses níveis, a necessidade de realizar processos seletivos mais curtos também implica maiores chances de uma contratação errada.

Após a contratação – medidas corretivas

Quando o motivo de insatisfação com o profissional não é comportamental, e sim perda ou falta de rendimento ou produtividade, o líder pode procurar algumas alternativas antes de optar pelo desligamento. A primeira opção é inserir o profissional em um programa de treinamento. E lembrar que com ele é possível melhorar a habilidade de indivíduo para realizar as tarefas, inclusive adequando-o mais à cultura da empresa – já que é mais fácil (e lógico) ensinar a realizar melhor as tarefas do que moldar comportamentos.

Dentre outras alternativas, há a possibilidade de realocação dentro da empresa. Em algumas situações, o profissional está apenas mal alocado e produzirá melhor em uma função mais adequada a seu perfil.

Quando não há alternativa

Se não houver mais alternativas, infelizmente o desligamento é a opção definitiva para solucionar uma contratação errada. Por vezes será possível adequar ou reajustar, mas por vezes isso não será possível. Aos contratantes exigentes, é importante ter em mente que é muito difícil encontrar o funcionário perfeito. Sendo assim, é preciso identificar o potencial de desenvolvimento que o novo funcionário e os outros azes da equipe têm para treiná-los para as futuras posições e funções de relevância na empresa.

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