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Tão importante quanto o tema ou assunto é a maneira de dizer, o jeito empregado nesta ação, a seleção das palavras, o direcionamento do olhar, a postura do corpo. De fato, muitos dos problemas de relacionamento no trabalho são produtos diretos da forma com que algo é dito e não somente o tema que pode estar em discussão. Um tom de voz elevado, uma frase opressiva, um cumprimento displicente, podem dizer mais do que mil palavras. Para isso, precisamos saber trabalhar a maneira que falamos para conseguir melhores resultados.

Muitas vezes, nos falta a percepção de que se falássemos isto ou aquilo de maneira diferente, a resposta também poderia ser outra. Ouço muitos profissionais dizendo que sentem recusas por parte dos colegas, ou são respondidos de modo grosseiro e não entendem que podem estar falando assim também. A falta de paciência está praticamente reinando no ambiente de trabalho, e é um dos maiores motivos para desentendimentos e cultivo do mau humor cotidiano, o que atrapalha de maneira direta o modo como falamos com as pessoas.

Cordialidade, respeito e educação são virtudes que precisam ser desenvolvidas no ambiente de trabalho, independentemente de seu humor ou problemas pessoais. Quando deixamos que isso interfira profissionalmente ou na maneira que falamos com as pessoas, corremos o risco de aquilo não ser interpretado da maneira que gostaríamos. O que pode afetar na construção de relacionamentos interpessoais no trabalho, no convívio social e, consequentemente, na falta de motivação.

Ao falar em relacionamento interpessoal, logo pensamos em um relacionamento entre pessoas ou grupos. Entretanto, antes de haver o relacionamento pessoal precisamos dialogar com o nosso eu interior. Pois qual é a chance de me dar bem com outra pessoa se não estou bem comigo? Posso dizer que nunca se falou tanto em trabalho em equipe como agora. A procura por profissionais que tenham a habilidade para trabalhar em conjunto é cada vez maior. Sendo a comunicação pessoal um diferencial para mediar essa convivência. Como diria um provérbio da Bíblia "Dominar a si mesmo vale mais que conquistar uma cidade". Todos nós temos problemas, todos nós temos pressa, mas precisamos dominar essas situações para que nosso trabalho ou vida pessoal não sejam prejudicados.

O fato é que passamos o dia nos relacionando com as pessoas, fazendo perguntas, aguardando respostas, fazendo encomendas, e o valor está em como fazemos isso. Quantas vezes fizemos um pedido e a pessoa não realizou da maneira esperada? Ou repassamos um recado para alguém, e este é dito ao contrário do que foi lhe orientado? O que acontece é a insuficiência de informação, a falta de contexto, a falta da comunicação significativa.

Por consequência, o cuidado com as palavras precisa estar entre os princípios de uma organização, principalmente em nível de gestão. Digo isso, pois alguns líderes se preocupam somente em dizer o quê ou como fazer, sem comunicar o porquê fazer. Situação que implica somente ordens e não um aprendizado. Por esse motivo é comum encontrar pessoas fazendo parte de projetos sem conhecer sua finalidade.

Dentro da teoria de comunicação significativa, a melhor forma de comunicar é passar primeiro o significado e depois a ação. Desta maneira, o ouvinte comprará a ideia antes de saber o que irá fazer. Por exemplo: "Estamos precisando aumentar nossa produção para cumprir um prazo de entrega ao nosso principal cliente. O que garante ultrapassar a meta deste mês. Como conhecemos sua boa performance em máquinas de solda, preciso que você trabalhe este mês neste setor, tudo bem?". Nesse meio tempo, ele entenderá os motivos e comprará a causa do dirigente e evitaremos a rotineira frase "não sei por que estou fazendo, mas se o chefe disse, está dito".

Nesse mesmo sentido, há o valor da interpretação nas respostas. Nem sempre encontraremos alguém que esteja disposto a fornecer uma comunicação significativa. Para isso, também precisamos saber questionar para construir um diálogo relevante. O que acontece em muitas situações de falta de comunicação entre as partes é não saber ouvir a pergunta de modo consciente e, dessa maneira, a compreensão pode se tornar superficial.

Infelizmente, não há uma receita pronta para uma boa comunicação, trata-se apenas de um exercício, de praticar em nosso dia a dia. Embora, existam algumas atitudes que podemos tomar com o propósito de melhorar o nível de entendimento e conexão entre as partes no ambiente organizacional.

O segredo pode estar em três fatores: na qualidade em que é ouvido, na ressignificação e na assertividade. Em primeiro lugar está a atenção em ouvir o que lhe está sendo dito, observar os significados das palavras, buscar entender o contexto, sem deixar que o pensamento se disperse e as palavras ou explicação de quem fala vá diretamente para o lixo. Em segundo, está na capacidade de dar um novo significado a pergunta. Por exemplo, alguém que faz uma pergunta agressiva, se for respondida com uma entonação diferente, a conversa pode terminar bem ao invés de iniciar uma discussão ou algo parecido. Podemos fazer uma comparação com o modo que manuseamos a verdade. Se a lançarmos no rosto de alguém, possivelmente ela será capaz de ferir. Mas se a envolvemos delicadamente e a oferecemos com compaixão, certamente será aceita com mais facilidade.

Por último, procure estar certo do que se diz, do que se pergunta, de tirar as dúvidas no calor da situação. A importância está em examinar a intenção antes de proferir as palavras de formular de forma clara e simples o que pode ser complexo. Lembre-se, a paciência pode ser o segredo para uma comunicação eficaz e efetiva. Controle-se e colha os bons frutos de ser agradável e bem compreendido.

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