Muitas vezes falamos "b" e a outra pessoa entende "g", "h", "y" ou "z" algo totalmente diferente daquilo que você pretendia verbalizar ou pensou. Nesses casos, a tentativa de explicar só vem piorar a situação. Simplesmente, o que era simples, torna-se confuso e o sentimento é de que se estava falando sozinho o tempo todo.
A situação ainda pode piorar. Em quantos momentos percebemos que um momento de estresse ou mal entendido foram causados apenas pela falta de comunicação adequada? Infelizmente, esse episódio é recorrente nas organizações e muitos problemas poderiam ser evitados apenas com o controle da nossa comunicação pessoal. Nesse caso, não me refiro só comunicação verbal, mas também, àquela que o nosso corpo emite, comunicando até o que não queremos a comunicação corporal. Capaz de entregar os nossos sentimentos e pensamentos mais resguardados.
No artigo de hoje, falarei sobre como a falta de comunicação pode se mostrar um obstáculo na carreira de muitas pessoas. E que se for vista e percebida, pode ser corrigida e aperfeiçoada.
O ser humano, no decorrer de sua evolução, adquiriu uma capacidade impressionante de aceleração da mente. Ou seja, agimos na maior parte do tempo pensando nas consequências dos nossos atos no futuro. Acontece que, como dizem, "o futuro a Deus pertence" e, por mais que tenhamos perspectivas financeiras com base em cálculos, não conseguimos prever com exatidão o que acontecerá de fato. É aí que entra a ansiedade. Por causa dessa rapidez de pensamentos, muitas vezes não conseguimos parar e esperar as coisas acontecerem ao seu tempo.
No início de minha carreira, esse era um dos meus maiores obstáculos. A minha ansiedade. Às vezes, esse sentimento era tão acentuado que eu não deixava as pessoas terminarem a frase. Era só alguém começar a falar que eu já logo tentava adivinhar o continuar da conversa. Era praticamente automático, como se o meu inconsciente falasse por mim, tanto que eu não percebia a reincidência dos fatos e do quanto isso estava se tornando parte de minha personalidade.
Lembro-me de quando percebi esse defeito, em uma reunião comum com o meu então chefe. Na reunião, não demorei para lhe atropelar a fala e adivinhar o término do assunto. Já cansado de tantas interrupções, ele cessou a fala e ficou aproximadamente um minuto quieto me olhando. Sem entender a situação, pedi que ele continuasse. De imediato, ele falou que a minha adivinhação não era nem um pouco parecida com o que ele pretendia, e mesmo que fosse a informação correta, eu precisava esperar que ele terminasse. Ou seja, aprendi a lição de que primeiro precisamos saber ouvir, para depois falar.
Essa foi uma das maiores lições que recebi. Uma comunicação agradável ocorre quando somos capazes de ouvir o que o outro tem a dizer. Percebo no mercado de trabalho que está se tornando cada vez mais complicado encontrar pessoas que não só saibam ouvir, como falem com fluência, com clareza, sem erros de português e com um bom embasamento.
Digo o mesmo pela falta de objetividade no discurso. É comum encontrar pessoas falando: "vamos fazer aquilo lá?", "você viu o negócio que te mandei?" ou "vamos na coisa pegar o negócio". Espera aí. Que coisa? E que negócio? Seja para perguntas, afirmações ou comunicações, essas palavras estão muito presentes no nosso cotidiano e atrapalham o que seria um português claro. O resultado disso são as constantes divergências de entendimento no mundo organizacional que não raro ocasionam em problemas, em perda de tempo e até de recursos.
Desse modo, posso dizer que ninguém nasce sabendo a melhor maneira de se comunicar. Aprendemos com o passar do tempo, assim como eu aprendi e continuo aprendendo. A comunicação ideal, porém, pode ser alcançada com treino e com a prática. Esse é o assunto que trataremos na Coluna Talento em Pauta desta terça-feira. Não deixe de conferir!