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É simplesmente mágico quando dezembro começa. Estamos quase lá e muitos de vocês perceberão isso. O clima leve, o riso solto, os enfeites de Natal balançando ao vento e o espírito natalino tomando os corações dos escritórios e lares. Não é para menos. Tempos de festas animam a todos, ainda mais ao povo brasileiro. É festa em casa, é festa na empresa, sem falar nas já planejadas férias e dias de repouso extras entre Natal e ano novo. Esse clima me lembrou da história de Mateus.

O rapaz havia nascido em uma família pobre. Imigrantes nordestinos, sua mãe viajou a Curitiba e levou consigo os três filhos. Não muito tempo depois de se fixarem na cidade sua mãe ficou doente, e então Mateus começou a trabalhar para ajudar a mãe e aos irmãos.

Começou como um mascate. Era ambulante e vendia roupas de porta em porta. Conforme os negócios melhoraram, decidiu comprar uma pequena máquina de costura, e começou a fazer as próprias roupas para vender. Mais tarde, introduziu os irmãos ao ofício da costura e montou sua primeira confecção. Continuava como ambulante, porém, o lucro era muito maior. Contratou um, dois, cinco funcionários. Trabalhavam em uma salinha alugada no centro da cidade.

Nesse meio tempo, Mateus fez com que os dois irmãos menores estudassem muito. Queria que eles tivessem uma profissão séria no futuro, e não ficassem tentando a sorte como ele. "E se um dia os negócios forem mal e eu falir? Quero que vocês tenham futuro!", dizia. Anos depois, os não mais pequenos irmãos conseguiram entrar na faculdade pública do estado. Motivo de orgulho para o irmão. A fábrica de confecções, portanto, ficou somente para ele. Mal ele sabia que tinha o dom para a administração.

Após, bem dizer, quase uma década e meia depois, a empresa tinha virado fábrica e empregava mais de mil funcionários. Sorte? Destino? Para ele nada disso tinha importância, o que importava era o fluxo de caixa no fim do mês, cada vez maior. O novo galpão de funcionários era enorme, e tinha sido construído por seu irmão caçula, então engenheiro civil.

Porém, uma coisa o incomodava tremendamente a cada fim de ano que chegava: nunca havia feito uma festa de comemoração com os funcionários, fosse de natal, fosse de qualquer coisa. A preocupação de Mateus era a verba que seria investida na confraternização.

"Eu não paro de contratar e tenho mais de mil funcionários! Por que é que eu vou fazer uma festa para eles? Se eu usar esse dinheiro na fábrica conseguirei aumentar bastante a produção e a qualidade dos produtos!", pensava. Parece um pensamento digno de um bom empresário, mas um bom empresário também pensa no bem estar de seus funcionários – e disso ele estava esquecendo.

Em certo período, quando acertava os papeis de entrada e saída de funcionários, percebeu algo curioso. As pessoas que entravam em sua fábrica "duravam" aproximadamente um ano ou pouco mais disso na empresa. Além disso, quando uma delas saía, colegas que trabalhavam próximos não demoravam muito e também saíam da empresa.

Indagado, conversou com uma dessas funcionárias que estava pedindo para sair. "Olha Seu Mateus. Aqui a gente trabalha o dia todo, recebe nosso dinheiro no fim do mês e é isso. Nunca há nada de novo, é sempre a mesma coisa. Aí a rotina cansa", queixou-se, com razão, a funcionária.

A indagação da moça fizera-o perder o sono por algumas noites. "O que há de errado com a minha empresa? Não quero ver meus funcionários tristes". Em meados do meio de dezembro, a fábrica amanheceu cheia de cestas nas estações de trabalho. Os funcionários ficaram, e muito, felizes e agradecidos com o presente. Isso era algo inédito na empresa.

Percebeu também que não houve pedidos de demissão pelos seis meses seguintes. Os funcionários que estavam com um ano de casa aproximadamente, e teoricamente seriam os próximos a sair, ficaram por mais tempo na empresa, o que confirmou sua tese de que "funcionário feliz não deixa a empresa".

Por mais simples que a cesta tenha sido, o ato é simbólico e também representa a gratidão da empresa pelo esforço dos funcionários o ano todo. A partir de en­­tão, Mateus adotou a prática. Con­seguiu, desta maneira, reter seus funcionários mais experientes, além de ter a certeza de que fariam seu trabalho com mais gosto.

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