Todos os anos volto a esse tema quando nos aproximamos do Dia dos Namorados e, neste ano, especialmente, não hesitei em falar sobre os romances corporativos, já que a data caiu exatamente no dia da Coluna Talento em Pauta. Hoje contarei a história de Tadeu e Marieta. Os dois eram trainees de uma multinacional do segmento automotivo e tinham uma carreira bastante promissora pela frente. Quando Marieta entrou na empresa, Tadeu já estava ambientado, com mais de um ano de casa. Foi ele, inclusive, que se incumbiu de mostrar a empresa à Marieta, apresentando-a a cada área e cada colega.

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Menos de dois meses depois, ambos já marcavam happy hour com os colegas de área e almoços aparentemente inocentes onde comemoravam qualquer coisa: o aniversário do estagiário, a goleada do time para o qual os dois torciam, o aumento salarial e por aí vai... Tudo era motivo para os dois se juntarem e organizarem um encontro com o resto da turma. Eles sempre incluíam os demais da equipe, mas eram sempre os primeiros a chegar nos lugares e, curiosamente, os últimos a saírem.

Talvez nem eles tivessem percebido no começo, mas ambos pareciam ter sido feitos um para o outro. A relação que se iniciou com uma amizade em pouco tempo chamava a atenção de todos na empresa. Seus colegas começaram a reparar que a proximidade de ambos passava da mera e simples cordialidade entre colegas e as piadinhas logo começaram a importunar a vida de ambos. É claro que no começo negavam e até se afastaram um pouco para não dar "pano pra manga".

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Todavia, isso durou muito pouco. Menos de duas semanas depois, voltaram a marcar encontros furtivos na tentativa de evitar que os comentários se intensificassem. Mas aqueles encontros e a sensação do proibido despertaram nos jovens a vontade de realmente colocar em prática aquilo que ocultamente sentiam um pelo outro. Tadeu, que era um rapaz muito responsável, culpava-se por ter se interessado pela colega de trabalho. Altamente dedicado ao trabalho e às regras que a organização impunha, negava-se a admitir. Marieta, por sua vez, jovem romântica e sonhadora, rejeitava a ideia de não engatar um relacionamento com alguém, simplesmente por ser seu colega de trabalho: se fosse preciso, pediria demissão!

Os jovens começaram a se relacionar algumas semanas depois. Com a desculpa de serem altamente comprometidos com seus afazeres, saíam mais tarde para almoçar e ficavam até altas horas da noite no escritório, para evitar que muitos colegas os vissem indo embora juntos. Qualquer indício do casinho dos dois deveria ser evitado e para isso eles faziam o que fosse preciso. Porém, o feitiço parecia virar contra o feiticeiro cada vez que tentavam esconder alguma coisa. Sempre que tentavam disfarçar a proximidade que tinham, deixavam escapar vestígios que sinalizavam que "onde havia fumaça, certamente haveria fogo".

Ao perceberem que os olhares dos colegas demonstravam cada vez mais incredulidade de que ali nada haveria, resolveram tomar alguma atitude consciente e responsável. Tadeu, que era o mais antigo de empresa, chamou o chefe para uma conversa e explanou o que estava acontecendo. Explicou que estava disposto a encarar todas as possíveis consequências, mas preferia ser fiel à sua ética e abrir o jogo de que estava amando Marieta.

Seu chefe não ficou surpreso, pois já desconfiava do enlace. Explicou que admirava a atitude do rapaz em assumir tal situação, ao invés de continuar burlando uma situação que não existia. O gestor foi mais além. Disse que, se ele continuasse escondendo o romance, seria obrigado a demiti-lo assim que tivesse a confirmação do que desconfiava, já que não poderia continuar convivendo com dois funcionários tão irresponsáveis e antiéticos. Porém, já que eles haviam decidido assumir o namoro diante de todos, seu chefe tomou isso como um ato responsável e ampliou seu voto de confiança a Tadeu.

O chefe dos trainees aceitou o namoro dos dois. Porém deixou claro que esperava deles o máximo de discrição possível, já que local de trabalho era para trabalhar e não para namorar. Como medida preventiva, mudou Marieta de área – assim o contato não seria tão próximo. Disse que não queria mais que eles ficassem até altas horas na empresa só para não serem vistos saindo juntos e pediu que procurassem se integrar mais com o resto da equipe, evitando almoçar juntos todo santo dia.

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