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| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Embora a inflação tenha arrefecido na passagem de julho para agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) continua em nível elevado. A avaliação é de Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IPCA saiu de 0,52% em julho para 0,44% de agosto. Apesar da taxa menor, foi o pior resultado para o mês desde 2007.

“Em geral, os meses do meio do ano são quando a safra está sendo comercializada, porque nos primeiros meses é período de safra. Nos meses centrais, tem o escoamento e comercialização da produção. No geral, junho, julho e agosto registram as taxas de IPCA mais baixas do ano. Entretanto, esse IPCA é o maior agosto dos últimos dez anos”, apontou Eulina.

A coordenadora diz que, mesmo com a deterioração no mercado de trabalho e da demanda menor, há pressão de custos, sobretudo oriundos da alimentação. Os alimentos acumulam um aumento de 13,92%.

“Apesar da demanda estar menos aquecida, a inflação ainda está um pouco resistente”, observou Eulina. “Há menor oferta de alimentos, isso pressiona preços”, acrescentou.

Eulina lembra que a safra agrícola no País deve ser 11% menor em 2016 do que a de 2015, devido aos problemas climáticos, que prejudicaram a lavoura. Recentemente, houve pressão de itens importantes da cesta básica, como o leite longa vida e o feijão carioca.

O leite longa-vida subiu menos (de 17,58% em julho para 2,52% em agosto), enquanto o feijão carioca chegou a ficar mais barato (de 32,42% em julho para -5,60% em agosto). No entanto, ambos ainda acumulam elevações significativas nos últimos 12 meses até agosto: o leite está 47,67% mais caro e o feijão, 160,25%. “Os dois cederam, mas mesmo assim continuam caros”, afirmou Eulina.

A pesquisadora explica que os frigoríficos pressionaram produtores de leite para uma redução nos preços, porque não estavam conseguindo repassar os aumentos ao consumidor, diante da demanda mais fraca. Já o feijão carioca foi beneficiado pela chegada ao mercado de uma terceira safra do produto que, embora pequena, fez com que produtores que ainda tinham o grão estocado também colocassem seu feijão à venda.

“Essa terceira safra que já entrou no mercado é que fez com que os preços se reduzissem”, contou Eulina.

Apesar das recentes quedas de preços de alguns itens, como a energia elétrica, a coordenadora lembra que os aumentos anteriores não foram devolvidos. “Preços continuam altos”, concluiu.

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