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Orlando Correia, perdeu o emprego com a crise do setor, em Ponta Grossa | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Orlando Correia, perdeu o emprego com a crise do setor, em Ponta Grossa| Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Reação

Painéis e papel sofrem menos

Cristina Rios

O levantamento da Consufor aponta que segmentos que dependem menos do mercado externo, como a indústria de papel, ou são voltadas para o consumo interno, como as fabricantes de painéis para o setor moveleiro, estão em situação melhor. No setor de celulose e papel, a ociosidade está em 10% e em painéis é de 15%. Para Ederson Almeida, diretor executivo da consultoria, há sinais de melhora de cenário para 2010, com a perspectiva de retomada de crescimento da economia norte-americana e de um avanço de 4% da brasileira. Para a indústria de madeira sólida, no entanto, não há evidência concreta de retomada significativa. "O ano será melhor do que em 2009, mas estaremos longe de recuperar o patamar de 2005".

Ponta Grossa - Os dados sobre o desemprego no setor madeireiro são desanimadores. Em Ponta Grossa, o ramo foi o que mais registrou perdas de postos de trabalho em 2009. O saldo é negativo em 367 vagas. São casos como o de Orlando Leonardo Correia. Há um mês, ele e outros sete funcionários de uma pequena serraria onde trabalhavam foram mandados embora. Correia atuou na função de carregar e transportar madeira durante apenas meio ano. Agora, vive do seguro-desemprego.

Algumas pessoas fecharam empresas sem abandonar o setor. É o caso de Carlos Fanchin, que desativou a madeireira em 2006 e ficou cuidando apenas do manejo de florestas plantadas. Antes, com o apoio de 75 empregados, exportava madeira serrada para Itália, China e Estados Unidos.

A diminuição da produção em larga escala também atingiu quem dependia dos refugos de madeira. Murilo César Gomes Batista produz pallets para a indústria e conta que o preço da matéria-prima subiu de 15% a 20% neste ano. O pallet é feito com partes menos nobres das toras. Com menor movimentação de madeira, há menos quantidade de rejeitos. Para Batista, o resultado foi um corte na equipe, de nove para cinco funcionários.

O setor de móveis é outro que vive situação delicada. Hoje Dago Alfredo Woehl olha para o pátio vazio da indústria de móveis e sente alívio. "Estava completamente exaurido. Não tinha mais resistência física e emocional para suportar tantos solavancos", conta. Em 2006, ele decidiu fechar a fábrica, forçado pela combinação de baixa cotação do dólar e concorrência com o mercado chinês. A unidade, em União da Vitória, no extremo Sul do estado, fabricava móveis para quartos e trabalhava voltada 100% para exportação. Estados Unidos e Inglaterra eram os principais compradores. No auge, chegou a ter 237 funcionários. "No primeiro corte fomos para 175, depois 145, 120, 85 e assim foi", conta. Hoje ele se dedica a um empreendimento turístico.

O mesmo desespero que se abateu sobre o empresário atingiu o ex-funcionário Gilberto Dirceu Dobler, 41 anos. Em­­pre­gado há 24 anos na fábrica, ele se viu sem trabalho e acabou aceitando, logo depois, uma vaga como frentista em um posto de combustíveis. Saiu de uma renda de oito salários mínimos para apenas um e meio. "Das oito fá­­bricas de móveis que eu conhecia, só uma sobreviveu", diz. Dobler trabalhou em várias atividades até comprar uma papelaria em União da Vitória.

Até mesmo o presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Florestal (Apre) viu o número de postos de trabalho minguar em sua indústria. Álvaro Scheffer chegou a comandar o serviço de 850 funcionários – em 2004 – e atualmente conta com 430 no quadro, em Ponta Grossa.

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