O comércio teve o pior fevereiro desde 2001, com um recuo de 3,1% no volume de vendas em relação a igual mês de 2014, informou nesta terça-feira (14) o IBGE. Foi também o pior mês desde agosto de 2003. A queda na renda dos trabalhadores, a desaceleração no crédito e o aumento de preços em alguns segmentos atingiram o setor em cheio, principalmente móveis e eletrodomésticos, e os combustíveis. Em 12 meses, o crescimento de 0,9% é o mais baixo desde abril de 2004.
Quando levados em conta os setores de veículos e material de construção, que constituem o chamado varejo ampliado, o tombo nas vendas foi ainda maior, de 10,3%, o pior de toda a série (iniciada em 2003 para esta categoria). Mais da metade da redução é explicada pelo mau momento do segmento automotivo.
A conjuntura desfavorável e o menor número de dias úteis devido ao carnaval pesaram para o comércio. Além disso, a massa de renda dos trabalhadores recuou 1,5% em fevereiro ante igual mês do ano passado, segundo o IBGE. “A influência sobre o varejo é sempre de preço, renda e crédito. A renda diminuiu, a oferta de crédito está menor e alguns setores contam com preços mais elevados”, explicou a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Juliana Vasconcellos.
Além da renda, a baixa confiança e as incertezas sobre o emprego nos próximos meses levaram as famílias a pensar duas vezes antes de se comprometer com dívidas. Os juros elevados também diminuem o apetite por novas compras. “Há uma asfixia do orçamento e o consumidor mudou um comportamento histórico ao puxar o freio de mão de maneira prudente para não se endividar ou ficar inadimplente”, disse o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio, Serviços e Turismo.
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