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No momento em que, mesmo não admitindo a existência de febre aftosa no estado, as entidades ligadas ao agronegócio paranaense já se conformavam com o sacrifício dos 1,8 mil bovinos da Fazenda Cachoeira, em São Sebastião da Amoreira (Norte do Estado), o início de uma nova guerra judicial em torno do impasse, que dura quase três meses, causa angústia e apreensão. Nesta quinta-feira, o pecuarista André Carioba obteve na primeira instância da Justiça Federal liminar impedindo a matança dos animais sem que o Ministério da Agricultura apresente laudos comprovando que eles estão com a doença.

"Não suportamos mais essa situação angustiante", disse José Roberto Ricken, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Ele alerta que a situação precisa ser resolvida até o dia 23, quando está prevista a visita ao Brasil de uma comissão da União Européia.

O objetivo do grupo será verificar as medidas tomadas em Mato Grosso do Sul e Paraná, estados em que o ministério confirmou a existência de focos de aftosa. Em casos assim, a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) prevê duas situações: o abate sanitário – em frigoríficos inspecionados, com o aproveitamento comercial da carne e a recuperação do status de área livre de aftosa com vacinação em 18 meses – ou o sacrifício sanitário, quando os animais são mortos e enterrados na própria fazenda. Nesse caso, a retomada da classificação anterior ocorre em seis meses.

Na última quarta-feira, o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) optou pelo sacrifício sanitário. O pecuarista, contrário à medida, recorreu à Justiça. "Se quando a comissão européia chegar a situação não estiver resolvida, passaremos a idéia de fraqueza", afirmou Ricken. Embora reconheçam o direito do pecuarista de defender seus interesses, os representantes das entidades criticam a batalha judicial, porque ela deve aumentar os prejuízos do estado. Segundo a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), os setores de carnes (bovina, suína e frangos) e leite acumulam perdas diárias de R$ 5,7 milhões devido à crise.

"É preciso se entender que esse processo não tem mais volta. O sacrifício, depois da comunicação à OIE, é obrigatório", afirma Carlos Albuquerque, assessor da presidência da Faep. Na avaliação dele, o pecuarista não terá prejuízos com o sacrifício dos animais, porque será indenizado, "como se tivesse vendido os bois ao frigorífico".

Gustavo Fanaya, assessor econômico do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados (Sindicarne), disse temer que o ministério demore para pedir a cassação da liminar. Procurada ontem pela reportagem, a assessoria do órgão, em Brasília, não se manifestou sobre a questão. O presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná (SRO), Levy Dittrich, afirmou que, apesar de ser contrário ao sacrifício de animais sadios, a manutenção do impasse é "ruim para o Paraná". "Quanto mais cedo se resolve isso, mais cedo ocorre a liberação."

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