| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

Em um cenário de queda do número de lançamentos de imóveis residenciais, há um sinal de recuperação nas vendas de bens desse tipo. Surge, então, a pergunta: quem são essas pessoas que compram um apartamento em época de recessão?

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Para analistas do mercado imobiliário, a explicação passa por dois fatores: preços estagnados, com boas possibilidades de os incorporadores também concederem descontos, e a chance de os valores começarem a subir de novo dentro de dois ou três anos --ou até antes disso.

O quadro se desenha a partir dos dados divulgados pelo Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo) e pela Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), relativos às movimentações do mercado na região metropolitana de São Paulo.

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Na capital, na comparação do primeiro trimestre de 2016 com o mesmo período de 2015, as vendas de residenciais novos cresceram 4,4%, enquanto os lançamentos caíram 23%, atingindo o pior resultado absoluto para o primeiro trimestre desde 2004 -1.692 unidades lançadas.

“O mercado ainda está muito parecido com 2015”, diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. “Os incorporadores não têm coragem de lançar empreendimentos por falta de confiança na economia do país.”

Segundo Yorki Estefan, diretor do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo), “as construtoras não são capazes de produzir e ter lucro com os preços praticados hoje na ponta”.

Para desovar o estoque de 25.823 unidades disponíveis para venda na cidade de São Paulo, entre imóveis na planta, em construção e prontos que foram lançados nos últimos 36 meses, e fazer caixa, as empresas têm concedido descontos, uma deixa para o comprador pechinchar.

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“Os preços já vêm caindo e devem continuar assim até o segundo semestre de 2017”, diz Thomaz Assumpção, presidente da consultoria Urban Systems.

Por outro lado, uma diminuição drástica dos lançamentos no presente vai impactar a oferta daqui a dois ou três anos, levando em conta que o mercado imobiliário possui ciclo longo. “Na ausência de qualquer produção, a oferta atual se esgotaria em 16 meses”, diz Renato Ventura, vice-presidente-executivo da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias.