Gastronomia

Cozinhas autorais ganham espaço

A gastronomia curitibana passou por uma melhora qualitativa na última década e já não é representada unicamente pelos restaurantes de estilo turístico de Santa Felicidade. Cozinhas autorais ganharam espaço com o último ciclo de crescimento da cidade, que atraiu investimentos e clientes de fora, ao mesmo tempo em que houve o suporte da oferta de mão de obra com mais qualificação. "Há pouco mais de dez anos, estávamos limitados à gastronomia típica de Santa Felicidade e aos restaurantes mais sofisticados dos hotéis.

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Softwares

Indústria do Paraná está entre as mais promissoras

A indústria de softwares está entre as mais promissoras da economia criativa paranaense. Ela gera cerca de 20 mil empregos e está espalhada por todo o estado – em seis cidades, 300 empresas se organizaram em arranjos produtivos locais (APLs).

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Agências paranaenses disputam espaço com paulistanas

Curitiba tem em torno de dez agências de publicidade grandes, com estrutura profissional e clientes de peso. A maior dificuldade do setor ainda é a competição com São Paulo, o mais forte centro publicitário do país e que tende a concentrar as contas das grandes empresas e a "roubar" os melhores profissionais formados no estado.

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Na última década, a capacidade humana de criar ideias com utilidade para a sociedade se transformou em matéria-prima para um grupo de especialistas que veem na criatividade a grande tendência para a economia global. Esse movimento se baseia no conceito de "economia criativa", que designa atividades que dão valor central ao que pensam seus profissionais. Estão na lista arquitetos, designers, músicos, desenvolvedores de softwares e até chefs de cozinha.A economia criativa ganhou vi­­da própria quando passou a ser al­­vo de políticas públicas. A Aus­trá­­lia foi a primeira a lançar um pro­­gra­­ma para estimular setores ligado ao "mundo das ideias", em 1994. Ti­­nha como objetivo atrair profissionais talentosos que pu­­dessem trans­­formar o país em um exportador de serviços qualificados, como publicidade e produção de softwares. Em 1997, o primeiro-ministro britânico Tony Blair comprou o conceito e criou uma área den­­tro Departamento de Cultura pa­­ra monitorar 13 setores tidos co­­mo estratégicos no ramo criativo. Em 2009, a Alemanha formulou sua política para ver se deixa de la­­do o termo "Made in Germany" pa­­ra estampar em seus produtos um pomposo "Created in Germany".A relação entre economia e criatividade não é novidade – estava presente nas invenções que levaram à Revolução Industrial, e na linha de montagem de Henry Ford, por exemplo. Na primeira metade do século 20 o economista austríaco Joseph Schumpeter ficou conhecido pela teoria da "destruição criativa", que ressalta a capacidade de negócios inovadores tomarem o lugar de empresas antiquadas. Mas o conceito de economia criativa tem uma diferença sutil da inovação tradicional: ele foca as atividades baseadas na criatividade e não qualquer invenção ou melhora produtiva.

Estratégia

"O que se fez na década de 1990 foi uma proposição em prol da revitalização de determinadas economias nacionais que estavam em ampla crise desde a década de 1970", diz Vladimir Sibylla Pires, um especialista no assunto e diretor de relações corporativas da grife Osklen. "Os governos fizeram um recorte para estimular aquelas indústrias identificadas como as mais dinâmicas naquele contexto de estagnação." Entre elas estavam o design, a moda e a arquitetura.A valorização da criatividade chegou aos Estados Unidos no início desta década. Em 2000, a revista de negócios BusinessWeek defendia que as grandes empresas do século 21 seriam aquelas baseadas em ideias – profecia ainda a ser realizada, já que a maior empresa do mundo no ano passado segundo a revista Fortune, era a petroleira Shell. Em 2001, o economista John Howkins lançou o livro The Creative Economy (A Economia Criativa) e deu origem a uma série de trabalhos acadêmicos.

Nos últimos anos, os economistas têm tentado entender os fatores por trás do florescimento da indústria criativa. O canadense Robert Florida chegou a desenvolver um método para comparar cidades norte-americanas. A mais aberta à criatividade é São Francisco, de acordo com o ranking que leva em conta o grau de instrução da população, sua diversidade, a presença de negócios de tecnologia e a qualidade do entretenimento.

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"A economia criativa depende das pessoas para existir. Por isso, a educação é primordial para estimulá-la", diz o economista André Golgher, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). "Também são importantes variáveis que atraem pessoas qualificadas para uma região. Cidades com mais opções de entretenimento e mais abertas à diversidade de seus habitantes têm potencial maior."

Golgher adaptou a metodologia de Florida ao Brasil. Floria­nó­po­lis e Niterói foram as cidades brasileiras com os melhores índices e foram classificadas como os lugares mais "quentes" para a criatividade. Curitiba ficou no segundo gru­­po, o de lugares com alta qualificação e bom entretenimento. Ma­­ringá e Londrina ficaram em um terceiro grupo, com alta proporção de trabalhadores na economia criativa, mas índices mais baixos de educação. Em um ranking que englobou apenas as regiões metropolitanas brasileiras, Curi­tiba ficou em quinto lugar, atrás de Florianópolis, Rio de Janeiro, Campinas e São Paulo. O Paraná, portanto, tem um bom potencial para desenvolver seu lado criativo – o que fica claro nos exemplos que ilustram esta página.

Apesar de serem ainda medidas imprecisas, os trabalhos sobre economia criativa dão algumas direções para as políticas públicas que pretendem estimulá-la. A primeira é que é preciso educação de bom nível, o que inclui cursos sofisticados de pós-graduação. Também faz diferença criar um ambiente cultural de alta frequência, para a circulação de ideias e atração de pes­­soas que se encaixem no perfil criativo. Outra estratégia é acolher a diversidade – cultural, racial e sexual.