Uma semana de turbulência na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi suficiente para reduzir em R$ 5 bilhões o valor de mercado das empresas do Paraná listadas na bolsa. A maioria vinha em trajetória ascendente até quinta-feira retrasada, quando a crise imobiliária dos Estados Unidos se espalhou pelas bolsas de valores de todo o mundo. O mercado acionário brasileiro caiu por sete dias seguidos e só esboçou uma recuperação na sexta-feira, quando o Ibovespa (principal indicador da bolsa paulista) subiu pouco mais de 1%.
Desde o início da crise, o Ibovespa recuou 12%. Para as sete principais empresas paranaenses do pregão, as perdas foram maiores. Considerando-se apenas os papéis mais negociados de cada companhia, América Latina Logística (ALL), Bematech, Copel, GVT, Paraná Banco, Positivo e Providência perderam juntas 14% de seu valor de mercado, que recuou de R$ 36,6 bilhões para R$ 31,6 bilhões.
Exceto Copel e ALL, nenhuma tem mais que oito meses de bolsa. Aproveitaram a onda de ofertas iniciais de ações nos primeiros meses do ano e, em pouco tempo, experimentaram seus primeiros traumas no mercado de capitais. Pesou o fato de serem de pequeno porte e, em alguns casos, quase desconhecidas. Em momentos de nervosismo, os investidores costumam se livrar de companhias com essas características e se apegar às "blue chips", que têm mais tradição e histórico de bons ganhos. Tanto que a Copel, maior empresa do estado, foi a que teve as menores perdas suas ações preferenciais recuaram "apenas" 11%.
Para o vice-presidente de planejamento do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef PR), Cláudio Lubascher, as empresas não apresentaram problemas específicos que justificassem tamanha desvalorização em tão pouco tempo. "Elas foram pressionadas pelos problemas americanos, que se refletiram no mundo todo." Lubascher acredita que os seguidos recordes da Bovespa estavam levando as cotações a um patamar muito elevado isso poderia, inclusive, afastar investidores, que teriam retornos cada vez menores. "O que ocorre agora é uma acomodação até saudável do mercado."
Em valores absolutos, a concessionária de ferrovias ALL foi a mais prejudicada. A soma de suas "units" caiu R$ 2,4 bilhões, para R$ 13 bilhões. Nem mesmo a conquista do primeiro lucro desde a aquisição da Brasil Ferrovias anunciado no início do colapso das bolsas foi capaz de segurar a queda da companhia. Até dia 9, ela acumulava ganhos de 22% desde o início do ano, que agora estão em apenas 3%.
Proporcionalmente, quem sofreu mais foi a fabricante de produtos de automação comercial Bematech: desde o estopim da crise, seu valor de mercado recuou quase 21%, para R$ 733 milhões. Cotada a R$ 13,50 na sexta-feira, a empresa que estreou na bolsa há apenas quatro meses vinha perdendo valor desde meados de julho, e se afastou do pico de R$ 20,19 registrado em maio.
Outra novata, a fabricante de tecido não-tecido Providência mal havia ingressado na Bovespa quando os problemas começaram. E, com apenas 16 pregões no currículo, pode se considerar experiente: 7 deles foram em meio à maior baixa da Bovespa nos últimos tempos. Com isso, acumula perdas de 20% desde que abriu seu capital. Pertencente ao grupo J. Malucelli, o Paraná Banco foi outro que sofreu já perdeu mais de 18% de seu valor de mercado desde que abriu capital, há dois meses.
A operadora de telefonia GVT e a Positivo Informática também perderam valor nos últimos dez dias, mas os ótimos resultados registrados anteriormente garantiram ganhos polpudos a quem apostou nelas: desde o início do ano, os preços dos papéis subiram 44% e 71%, respectivamente.
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