Operadores no Saudi Investment Bank, em Riad (Arábia Saudita), acompanham noticiário sobre os protestos no Egito: temor é que tensão se espalhe pelo Oriente Médio| Foto: Fahad Jadeed / Reuters

Investimentos

Renda fixa pós-fixada é boa opção para enfrentar alta de preços

Caso a inflação venha realmente a subir em consequência de uma alta no preço do petróleo, o investidor tem algumas alternativas para se proteger. Basicamente, a ideia é deixar investimentos em renda fixa pré-fixados e partir para os pós-fixados. "É o o que todo mundo está fazendo. Se você ainda não mudou, melhor fazer agora", diz o economista Breno Lemos.

As principais alternativas para isso são títulos do governo disponíveis no Tesouro Direto, como as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e as Notas do Tesouro Nacional – série B (NTN-B). As LFTs dão ao investidor a garantia de ter seus recursos corrigidos pela taxa Selic. Já as NTN-B pagam a inflação (IPCA) mais uma taxa de juros. "Eu acredito que as LFTs dão uma proteção mais completa aos recursos do investidor", comenta José Guilherme Vieira, da UFPR.

Outras modalidades, como CDBs pós-fixados ou papéis corrigidos por outros indexadores, também podem ser boas opções. Já o ouro é contraindicado, por ter tido uma variação bastante forte nos últimos dois anos. "O ouro é a opção mais segura dos investimentos em renda variável, mas ele já subiu muito, e suas flutuações tendem a ser muito significativas", diz Vieira. (FI)

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Oposição no Egito convoca greve geral para hoje

O movimento que exige a saída do ditador do Egito, Hosni Mu­­ba­­rak, planeja realizar hoje um dos maiores protestos desde o início do levante, há oito dias. Ativistas lan­­çaram apelo a uma greve geral em todo o país e esperam reunir pelo me­­nos 1 milhão de pessoas na praça Tahrir (Libertação, em árabe), no centro do Cairo, que se tornou o símbolo da resistência ao regime.

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ElBaradei surge como opção

O prêmio Nobel da Paz Moha­­med ElBaradei surge como figura emblemática da revolta contra o presidente egípcio, Hosni Mu­­ba­­rak, mas se apoia numa coalizão díspar que vai da oposição laica à Irmandade Muçulmana, contando também com uma legião de in­­ternautas. O ex-diplomata fez uma aparição notável, mas um pouco confusa, na noite de do­­mingo no centro do Cairo, ante centenas de manifestantes.

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os conflitos políticos no mundo árabe, que já atingiram Tunísia e Egito, se intensifiquem ou se alastrem, as consequências podem chegar à economia brasileira. O risco não está no Egito em si, mas na possibilidade de países produtores de petróleo do Oriente Médio também se tornarem alvo de agitação política. Essa, por sinal, é uma das razões da alta dos últimos dias no preço do óleo ? ontem, pela primeira vez desde 2008, o barril do óleo cru ultrapassou os US$ 100 na bolsa de Londres. A preocupação internacional vem do fato de que se trata de países relativamente próximos, e unidos por afinidades culturais. Além disso, a maioria é pouco afeita à democracia à moda ocidental: das dez nações da África e do Oriente Médio que fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), quatro são monarquias, três são ditaduras e uma (o Irã) é uma teocracia. Apenas a Nigéria e o Iraque têm governos eleitos por regras familiares ao Ocidente, sendo que, no caso do Iraque, as eleições foram realizadas sob tutela dos Estados Unidos. Como o objetivo das manifestações é a democratização, esses países são alvos em potencial. ?Esses regimes são estáveis, o que agrada aos interesses da indústria do petróleo e dos países consumidores?, diz o economista Breno Lemos, conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon-PR). Estáveis mesmo: o grupo inclui um chefe de governo no cargo desde 1969 (Muamar Kadafi, da Líbia) e outro no poder desde 1979 (José Eduardo dos Santos, de Angola). De acordo com Lemos, o mercado já inclui nos preços vigentes a eventualidade de os choques causarem redução na oferta de petróleo. Mas esse não seria, de acordo com ele, a única causa da alta recente do petróleo. A tendência de recuperação na economia europeia também influenciou nos preços. Se a tensão ficar limitada ao Egito, não deve haver maiores problemas para a economia global. Mas se ela se prolongar ou contagiar outras nações, o risco surge. ?O preço do petróleo mexe com custos importantes em todo o mundo?, observa José Guilherme Vieira, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Não só com o combustível nas bombas, mas principalmente com matérias-primas derivadas da indústria petroquímica, como o polipropileno e as naftas. Aí surge o problema para o Brasil. ?Sem crise, a inflação já era preocupante. Agora temos mais um ponto para nos deixar em alerta?, diz Vieira. Para ele, se os preços do petróleo continuarem a subir, forma-se um cenário em que o Banco Central deve se ver forçado a elevar mais ainda os juros para manter a inflação dentro da meta. Há, entretanto, uma atenuante. No Brasil, os preços ao consumidor são regulados pela Petrobras, que tende a mantê-los estáveis. ?No período 2008/2009, o petróleo caiu muito no mercado internacional?, lembra o economista Carlos Magno Bittencourt, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). ?Aqui, a Petrobras manteve tudo inalterado. Agora deve agir da mesma forma.? O governo também tem condições de contribuir para isso, alterando a Contribuição de Intervenção sobre o Domínio Econômico (Cide), um tributo federal.