Apesar de Curitiba e região metropolitana terem apresentado o segundo menor índice para o mês de agosto entre as 11 cidades pesquisadas pelo IBGE para a composição do IPCA, a capital paranaense ainda tem a maior alta acumulada de 2011, com 4,88%. Tubérculos, raízes e legumes foram os itens que tiveram maior queda em agosto (-8,30); ainda assim, acumulam a segunda maior alta no ano, com 22,28%. Por outro lado, os itens que continuam a pressionar os números do grupo de alimentos são pescados (4,06% no mês e 8,20% no ano) e hortaliças e verduras (4% no mês e 46,94% no ano). Carnes (1,28%) e frutas (1,17%) tiveram alta no mês, mas em 2011 têm queda de 6,63% e 2,82%, respectivamente.

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O incômodo destaque de Curitiba nos índices acumulados representa um fenômeno recente, segundo o economista e diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Gilmar Mendes Lourenço. "Se for considerada a trajetória temporal de 17 anos de vigência do real [julho de 1994 a agosto de 2011], a RMC figura no oitavo posto no ranking brasileiro do IPCA. A variação verificada em Curitiba ficou abaixo da nacional. Essencialmente, a disparada da inflação em Curitiba está ancorada no comportamento ascendente dos preços de três itens relevantes nos orçamentos domésticos: combustíveis, tarifas públicas e aluguéis", avalia.

A alta dos combustíveis superou 20% em 12 meses e, de acordo com Lourenço, o déficit de oferta e a pressão nos preços devem continuar por causa da menor produtividade da colheita de cana-de-açúcar,do aumento de quase 10% nas vendas de veículos e do fato de, hoje, ser mais lucrativo produzir açúcar que etanol.

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O peso das tarifas foi fortemente determinado pelos reajustes de água e esgoto em abril de 2011; do transporte público em Curitiba e metropolitano, em março; do transporte rodoviário estadual, em maio; e, em menor medida, de energia elétrica, ainda em 2010. No caso dos aluguéis, a explicação reside no boom imobiliário e na boa condição econômica, com crédito habitacional abundante.

Para Lourenço, mesmo com a possibilidade de formação de focos inflacionários, derivados da safra de dissídios trabalhistas de categorias fortes como os petroleiros e dos efeitos do in­verno rigoroso na agropecuária, o cenário para o restante de 2011 é de acomodação de preços.

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