A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aplicou um total de R$ 13,6 milhões em multas a um grupo de gestores e à R. Sirotsky Consultoria e Planejamento Financeiro por irregularidades na condução dos negócios do Fundo Mútuo de Investimentos em Ações Millênio. O fundo exclusivo do Instituto Portus de Seguridade Social sofreu severas perdas em operações no mercado futuro nos anos de 1999 e 2001.

CARREGANDO :)

A R. Sirotsky e seu diretor Ricardo Sirotsky foram condenados a pagar multa de R$ 500 mil cada por falta de cuidado e diligência na qualidade de administradores do fundo. Para a CVM, eles não fiscalizaram devidamente a atuação dos funcionários Eduardo Mossé e Marcus de Freitas, efetivamente responsáveis pela gestão da carteira do fundo.

Já Mossé e Freitas foram acusados de se beneficiarem das chamadas práticas não equitativas, que se configuram quando há tratamento desleal de clientes por uma corretora, em benefício próprio ou de outros clientes.

Publicidade

A xerife do mercado de capitais multou Freitas em R$ 7,163 milhões e Mossé em R$ 5,458 milhões, valores correspondentes a duas vezes os ganhos obtidos por eles em prejuízo do fundo pertencente ao Portus, fundo de previdência complementar dos trabalhadores portuários.

De acordo com o relatório da CVM, entre dezembro de 1999 e setembro de 2001, o Fundo Millênio sofreu ajustes diários negativos de R$ 10,6 milhões em operações na BM&F. Por outro lado, na maior parte dessas operações os principais ganhadores foram Mossé e Freitas, funcionários da R. Sirotsky. Os negócios eram intermediados quase sempre pela corretora Theca.

Só no período de abril de 1999 a julho de 2001, as perdas do Millênio somaram R$ 6,279 milhões em contratos de Ibovespa Futuro. Na outra ponta das operações, Freitas ganhou R$ 2 milhões e Mossé R$ 2,7 milhões.

Para a relatora do caso, a diretora da CVM Ana Novaes, ficou claro que havia um esquema de distribuição viciada de ordens que resultou em ajustes negativos do dia para o fundo e positivos para os envolvidos.

A CVM aponta que o esquema só foi possível porque à época "a especificação dos comitentes finais junto à BM&F ocorria apenas ao final do pregão, podendo, assim, ser realizada a distribuição dos negócios de acordo com o que se mostrasse mais conveniente". O esquema foi replicado em detrimento de uma série de fundos de pensão estatais.

Publicidade