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O dólar fechou a R$ 2,40 pela primeira vez em sete meses nesta terça-feira (23), com investidores usando a piora da candidata à Presidência da República Marina Silva (PSB) em pesquisa de intenção de voto como pretexto para testar a tolerância do Banco Central à valorização da moeda norte-americana. Dúvidas sobre a estratégia do BC em relação ao câmbio têm crescido à medida que a autoridade monetária mantém o ritmo de intervenções, mesmo diante da escalada recente da divisa norte-americana.
"Enquanto o BC não dá as caras, cresce a volatilidade e cresce a pressão para o dólar subir", afirmou o operador de câmbio da corretora B&T Marcos Trabbold. O dólar subiu 0,53% nesta terça, a R$ 2,4070 na venda, após chegar a R$ 2,4149 na máxima do dia, maior nível desde 19 de fevereiro (R$ 2,4362). Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 2,1 bilhões de dólares.
Trabbold acredita que a autoridade monetária vai ampliar as intervenções no mercado de câmbio somente no próximo mês, quando ficar claro se a recente alta da divisa é sustentada ou não. Em situações recentes similares de forte pressão de alta do dólar, o BC reagiu com o aumento da rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares.
Neste mês, contudo, o BC tem mantido a oferta diária de 6 mil swaps para rolar os contratos que vencem em outubro, com venda integral da oferta, como fez nesta sessão. Se mantiver esse ritmo, rolará cerca de 76 por cento do lote total, que corresponde a 6,677 bilhões de dólares, proporção menor do que a rolagem do mês passado (88%). "Pode ser uma mudança de estratégia, mas também pode ser uma postura de 'esperar para ver'. Qualquer que seja a resposta, o fato é que gera ruído nos mercados", disse o operador de câmbio de um banco internacional.
Nesta manhã, o BC também vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, todos com vencimento em 1º de setembro de 2015 e volume equivalente a 197,5 milhões de dólares. A autoridade monetária também ofertou contratos para 1º de junho, mas não vendeu nenhum. O avanço do dólar nesta sessão teve como pano de fundo a pesquisa CNT/MDA, que mostrou a presidente Dilma Rousseff (PT) com 42% das intenções de voto e Marina com 41% num esperado segundo turno.
Embora as duas ainda estejam em empate técnico, a candidata de oposição vinha aparecendo numericamente à frente. O mercado prefere a vitória de Marina, em meio a críticas à condução da política econômica do atual governo. "O mercado relevou completamente a cena externa e focou puramente nas eleições", afirmou o superintendente de câmbio da corretora Intercam, Jaime Ferreira.
Investidores aguardam agora as pesquisas do Ibope e do Vox Populi, que devem ser divulgadas ainda nesta terça-feira.
Metodologia
Foram entrevistadas 2.002 pessoas, em 137 municípios das cinco regiões do país, nos dias 20 e 21 de setembro. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR - 00753/2014.