O economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto afirmou nesta sexta-feira que o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre "é uma tragédia". Delfim comentou ainda que o crescimento atual "trará suas consequências" para o resultado total de 2012, pois "é uma questão de aritmética". Conforme dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB do País cresceu 0,6% no terceiro trimestre na comparação com o segundo trimestre, bem abaixo das expectativas do mercado.
Questionado se o governo Dilma Rousseff correria o risco de entregar uma média de crescimento inferior à registrada durante o governo FHC (de 2,7%), Delfim respondeu: "O passado está feito o futuro depende do que vamos fazer agora", disse ao deixar evento sobre "Reformas Inadiáveis", promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.
O fraco desempenho do PIB surpreendeu outros analistas. A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, disse que agora "é rodar planilha para tentar entender o que aconteceu". A expectativa da economista da Rosenberg era de crescimento de 1% para o período. "Minha expectativa de 1,3% para o ano, que já era baixa, pode agora nem se concretizar", afirmou. "Estou refazendo as contas."
Para a consultoria Brown Brothers Harriman (BBH), em relatório enviado a clientes, o resultado aumenta as expectativas de que o dólar vai continuar tentando avançar acima de R$ 2,10 e pode alimentar as pressões para um novo corte na taxa Selic. "No Brasil, a fraca leitura do PIB divulgada hoje vai somente agravar as incertezas em relação às políticas macroeconômicas."
- Após PIB do 3º trimestre, CNI projeta alta de 0,8% para o ano
- Desempenho da economia decepciona analistas de mercados
- Retração nos investimentos produtivos no 3º trimestre é a pior desde 2009
- Resultado do PIB não mostra toda reação da economia, diz Mantega
- Investimento produtivo cai 2% no terceiro trimestre, aponta IBGE
- PIB brasileiro registra crescimento de 0,6% no 3º trimestre
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast