Em dia de forte volatilidade, o dólar fechou em queda ante o real nesta quarta-feira (8) pela quarta sessão seguida, devido a novos sinais de que os juros nos Estados Unidos podem não subir tão cedo quanto o esperado e com investidores ainda atentos ao cenário eleitoral brasileiro. A moeda norte-americana caiu 0,68%, a R$ 2,3860 na venda, depois de ter alcançado R$ 2,3729 na mínima e R$ 2,4350 na máxima do dia. Nas quatro últimas sessões, o dólar acumula queda de 4,25% ante o real. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de US$ 1 bilhão.
A oscilação de 0,062 real entre a mínima e a máxima do dia foi a maior desde 18 de setembro do ano passado, quando o Federal Reserve, banco central norte-americano, surpreendeu o mercado e manteve o ritmo de seu programa de compra de títulos. Analistas atribuíram o movimento de montanha-russa desta sessão à expectativa antes da divulgação das primeiras pesquisas de intenção de voto após o primeiro turno das eleições presidenciais. "A volatilidade não para. Tem muito boato e muita especulação e isso só deve aumentar conforme nos aproximamos do segundo turno", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
Desde que o candidato presidencial Aécio Neves (PSDB) garantiu uma vaga no segundo turno das eleições e aproximou-se da presidente Dilma Rousseff (PT), que tenta a reeleição, vêm crescendo as apostas em vitória da oposição. O recuo do dólar ante o real tem sido associado a essa percepção, já que profissionais do mercado criticam a condução da política econômica do atual governo.
As primeiras pesquisas de intenção de voto após o primeiro turno dos institutos Datafolha e do Ibope devem ser divulgadas a partir de quinta-feira. Segundo operadores, circularam diversos rumores neste pregão sobre os resultados desses levantamento, acentuando a volatilidade do pregão.
Pela manhã, a moeda norte-americana chegou a cair 1% sobre o real, dando continuidade ao otimismo recente do mercado. Por volta da hora do almoço, anulou a queda e passou a subir, num movimento de correção acentuado pelos boatos eleitorais. "Apesar do quadro negativo lá fora, o real tem conseguido ter bom desempenho repetidamente por causa do fator eleitoral. A questão é que isso não tem força para se sustentar por muito tempo", afirmou o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros, que espera mais volatilidade à frente.
O dólar voltou a se firmar em queda durante a tarde, após a divulgação da ata da última reunião do Fed. O documento mostrou que tem crescido o debate dentro do banco central dos EUA sobre a mudança de sua orientação futura sobre juros, mas também trouxe sinais de preocupação com a economia norte-americana.
Por isso, investidores diminuíram as apostas numa alta dos juros norte-americanos mais cedo, fazendo o dólar cair globalmente. Contra o euro, a moeda norte-americana atingiu a mínima em duas semanas, enquanto recuava 0,5% frente a uma cesta de divisas. "Foi uma onda de alívio num mercado que está cada vez mais preocupado com um aperto monetário nos EUA", explicou o operador de uma corretora internacional.
Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 1,65 mil contratos para 1º de junho e 2,35 mil contratos para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,6 milhões.
O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de até 8 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 27% do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.