| Foto: FRED DUFOUR/AFP

Este ano, o senhor e a senhora Cai, um casal de Xangai, decidiram terminar seu casamento. Não por diferenças irreconciliáveis; na verdade, por causa de uma bolha no mercado imobiliário.

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O casal, que administra uma loja de roupa, queria comprar um apartamento por 3,6 milhões de yuans (cerca de R$ 1,66 milhão), que se somaria aos três imóveis que eles já têm. Mas o governo local começou, entre outras medidas de combate à bolha, a limitar as aquisições de quem já é proprietário. Portanto, em fevereiro, o casal se divorciou.

“Por que nos preocuparíamos com o divórcio? Estamos casados por muito tempo”, disse Cai, o marido, que pediu que o nome completo do casal não fosse revelado para evitar possíveis problemas jurídicos. “Se não comprarmos esse apartamento, perderemos a chance de ficar ricos.”

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O aumento dos preços dos imóveis na China neste ano vem inspirando medidas desesperadas como essa. Compradores agitados tentam agir antes que mais restrições sejam impostas. Embora os últimos números, publicados na sexta-feira, mostrem um esfriamento em algumas das cidades mais ativas, como Pequim e Xangai, o custo das casas novas registrou a maior alta em sete anos em setembro.

Nos primeiros três trimestres de 2016, segundo dados compilados pela Bloomberg, a média de preços de casas novas aumentou 30% nas cidades grandes, como Xangai, e 13% em cidades menores.

Tarefa difícil

As autoridades vêm tentando acabar com o excesso de oferta sem prejudicar a economia, tarefa difícil porque a febre imobiliária se distribui de forma desigual. Muitos municípios de menor porte dependem da venda de imóveis para preencher lacunas em seu orçamento, o que os incentiva a aumentar a oferta de terrenos para construção.

Assim, nas cidades maiores a oferta diminuiu, e os preços aumentaram, mas, nas cidades de menor porte, sobram apartamentos, e faltam compradores.

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Em 2017, o Partido Comunista organizará seu congresso quinquenal, e, com um crescimento do PIB de 6,7% no ano até agora, o ritmo mais lento desde 1990, um colapso imobiliário seria especialmente indesejado.

“Tudo que eu sei é que comprar imóveis não será um prejuízo”, destacou Cai, que mencionou duas décadas de alta dos preços como prova.