O dólar fechou no maior nível em dez anos nesta sexta-feira (6) após dados de emprego dos Estados Unidos aumentarem a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) inicie a alta dos juros ainda neste semestre.

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O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 1,31%, para R$ 2,774, maior valor desde 9 de dezembro de 2004, quando a moeda fechou a R$ 2,780.

O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, fechou com avanço de 1,20%, maior nível também desde 9 de dezembro de 2004, quando a divisa encerrou cotada a R$ 2,781.

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A cotação da moeda foi influenciada pelos dados de emprego nos Estados Unidos, afirma Ignácio Rey, economista da Guide Investimentos. "O mercado de trabalho americano está pegando fogo. Há uma criação de empregos forte, acima do esperado. Esse indicador é o que o Fed olha quando pensa em subir os juros", afirma.

Com juros mais altos nos EUA, recursos internacionais poderiam se direcionar para investimentos em títulos americanos - remunerados pela taxa e considerados de baixo risco -, em detrimento de aplicações mais arriscadas, como em países emergentes.

Diante da perspectiva de entrada menor de dólares no Brasil, o preço da moeda americana sobe.

Mercado de trabalho

Em janeiro, a geração de vagas de emprego cresceu acima do esperado e a renda dos trabalhadores subiu. De acordo com dados do Departamento do Trabalho divulgados nesta sexta-feira (5), foram criados 257 mil postos no período, acima da previsão do mercado, de 234 mil. Foi o 11º mês seguido em que a geração de vagas ficou acima de 200 mil, a maior sequência desde 1994.

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A taxa de desemprego terminou o mês em 5,7%, pouco acima do índice de dezembro, de 5,6%. O aumento, porém, foi gerado por um dado positivo: mais trabalhadores voltaram a procurar emprego no mês passado.

Segundo o economista, além do fator externo há também um componente interno na valorização da moeda americana. "O dólar acaba refletindo a percepção do risco do país. E as últimas notícias envolvendo a crise da Petrobras e as dificuldades do ministro Joaquim Levy [Fazenda] em implementar seus ajustes acabaram piorando a sensação de risco do país", diz.

"A tendência é que o real se deprecie mais daqui para frente. Até porque houve um otimismo exagerado com o ajuste fiscal", afirma Rey. Em janeiro, a moeda americana chegou a recuar com a perspectiva de que o ministro Joaquim Levy (Fazenda) colocasse em prática os ajustes necessários para recuperar a credibilidade do governo.

Swap cambial

Na manhã desta sexta (6), o BC deu continuidade às atuações diárias e vendeu a oferta total de 2.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro). Foram vendidos 1.000 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.000 contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a US$ 98 milhões.

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O BC também vendeu a oferta integral de até 13.000 contratos de swap para rolagem dos que vencem em 2 de março, equivalentes a US$ 10,438 bilhões. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 30% do lote total.

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