O dólar encerrou estável ante o real nesta quarta-feira (16) e acima de R$ 2 pela segunda sessão seguida. A moeda norte-americana acompanhou o movimento externo, mostrando alguma volatilidade com as incertezas em relação à Grécia.
Operadores acreditam que o dólar pode continuar um pouco acima de R$ 2 caso se mantenha uma maior aversão ao risco nos mercados, sendo que no caso de uma alta contínua ou de uma elevação brusca da moeda, o Banco Central pode atuar para conter a valorização.
O dólar fechou cotado a R$ 2,0015 real na venda, mesmo patamar da véspera. Durante o dia, a moeda oscilou entre R$ 1,9873, chegando a cair 0,71%, e R$ 2,0088, quando subiu 0,36%.
"Acompanhamos totalmente lá fora e com o receio dos investidores, até do que pode acontecer no dia seguinte, a moeda caminhou para fechar estável", disse o operador de câmbio da Interbolsa do Brasil Ovídio Soares.
A notícia de que o Banco Central Europeu (BCE) parou de dar liquidez a alguns bancos gregos, à medida em que estão severamente subcapitalizados, foi um dos motivos que colaborou para dar uma maior aversão ao risco e trazer volatilidade aos mercados.
No campo político também continuam temores, após a Grécia ter anunciado na véspera que as tentativas de formar um governo fracassaram e novas eleições foram marcadas para o dia 17 de junho.
Aumentaram ainda os temores de que a Grécia possa até sair da zona do euro, mas as autoridades locais se esforçam para indicar o contrário. O presidente do Banco Mundial (Bird), Robert Zoellick, disse nesta quarta-feira que uma eventual decisão grega de deixar a zona do euro traria grandes questionamentos sobre o impacto na Espanha, na Itália e em outros países na região.
Para o operador de câmbio, a tendência da moeda tem sido mais de alta, mas sem grandes variações. "O dólar está querendo subir com o mercado lá fora assustando. Há grandes chances de continuar acima de R$ 2 se lá fora não melhorar e não surgirem soluções para os países europeus", disse.
Soares não descarta que ocorra uma atuação do BC, mas no caso de vários dias de alta da moeda ou se ocorrer uma elevação mais rápida. "Não sabemos qual o patamar que o BC atuaria, mas se ele deixar subir demais, vai gerar inflação", afirmou.
Já para outro operador de câmbio, que prefere não ser identificado, o patamar de R$ 2 é confortável para o governo, de acordo com declarações recentes do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e caso a moeda permaneça próxima desse nível o BC não deve atuar.