A queda de mais de 15 por cento do dólar no segundo trimestre está beneficiando os lucros das empresas brasileiras no segundo trimestre, devido à melhora no resultado financeiro.
Considerando a variação cambial, a dívida total das empresas de capital aberto no Brasil em moeda estrangeira, que em 31 de março era de 231,8 bilhões de reais, caiu para 195,4 bilhões de reais no final de junho, segundo dados da consultoria Economática.
Aracruz, VCP e Usiminas já divulgaram balanços mostrando lucro impulsionado pelo ganho contábil com a depreciação da moeda norte-americana.
No caso da Aracruz, que em 2008 sofreu perdas bilionárias com apostas em derivativos de câmbio, o resultado financeiro foi positivo em quase 900 milhões de reais no segundo trimestre, garantindo lucro líquido de 595,5 milhões de reais à empresa no período.
O ganho financeiro também ajudou a VCP, que registrou lucro líquido de 533 milhões de reais no segundo trimestre. A empresa apurou receita financeira líquida de 465 milhões de reais de abril a junho.
O mesmo ocorreu com a Usiminas, que teve resultado financeiro positivo de 562 milhões de reais nos três meses até junho, cerca de 2,7 vezes melhor que um ano antes.
Na Gerdau, o real mais forte será ruim para os ativos no exterior, mas positivo para a dívida em moeda estrangeira. No final de março, cerca de 85 por cento da dívida bruta de 22,1 bilhões de reais do grupo, incluindo unidades fora do Brasil, estava denominada em moeda estrangeira.
"Este fator é o que esperamos que leve o resultado final a se posicionar em nível superior ao do trimestre anterior", disse o analista Pedro Galdi, da corretora SLW, em relatório. Ele prevê que a Gerdau registre um ganho com variação cambial de 633 milhões de reais no intervalo.
Também com grande parte da dívida em moeda estrangeira, a CSN é outra que deve apresentar o benefício contábil da variação cambial. A SLW projeta um ganho financeiro de 50 milhões de reais com a variação cambial, menor que Gerdau por conta "da grande parcela do seu caixa em ativos em dólares", segundo Galdi.
Com 39 por cento da dívida atrelada ao dólar, ou cerca de 2,7 bilhões de reais no final de março, a Cesp deve registrar ganho de 408 milhões com a queda da moeda norte-americana no segundo trimestre.
Segundo a analista de energia Rosângela Ribeiro, também da SLW, o ganho com o câmbio deve contribuir em 208 milhões com o lucro líquido da companhia no segundo trimestre. "A Cesp deve ter um aumento significativo do lucro basicamente pelo efeito da variação cambial."
Já Eletrobrás, por ter receitas em dólar a receber de Itaipu, não deve ser beneficiada.
Para a Vale, o ganho na linha financeira com o dólar mais baixo será ofuscado pela queda no faturamento, já que a mineradora obtém quase toda sua receita no exterior --menor quando convertida em reais.
A Fator Corretora estima um ganho líquido de 3 bilhões de reais para a Vale com o efeito da variação cambial sobre a dívida em moeda estrangeira da companhia, que deve ser parcialmente anulado por perdas com os efeitos do câmbio sobre ativos no exterior e também pela influência negativa sobre a receita com vendas.