O indiano Raju Narisetti, editor executivo do Digital Network do Wall Street Journal, fez nesta terça-feira (21), no segundo e último dia do 9.º Congresso Nacional de Jornais, em São Paulo, o contraponto do debate sobre cobrar ou não pelos conteúdos da internet. Voz solitária contra a maioria de palestrantes que defendeu o sistema paywall, Nasiretti disse que essa decisão não pode ser apressada. "É preciso ir devagar", advertiu.

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Ao defender sua fórmula, que chamou de freewall, Narisetti avisou que "ela demanda muito planejamento" - para se chegar, mais tarde, a um patamar em que o serviço se torne rentável, sem pesar para os usuários. "O que precisamos é reexaminar o tema, não seguir cegamente em frente. O que funciona para grandes jornais não vai funcionar para muitos outros."

Em outras mesas, vários convidados disseram o contrário. O mais entusiasmado pela ideia de cobrar foi o alemão Mathias Dopfner, diretor-presidente da Axel Springer, uma grande rede de jornais e revistas que tem como carro-chefe o diário Bild.

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Festejado por tirar o grupo de uma situação difícil, há alguns anos, para um lucro de 600 milhões de euros no ano passado, Dopfner afirmou no painel final que é preciso olhar para o futuro, quando o jornal "será como um guardanapo, leve, flexível para se guardar no bolso".

Sua provocação: se o cidadão já paga por telefone, por celular, por aplicativos, por que não pagaria pelo site? O meio tecnológico, daqui a 50 anos, resumiu, "estará tão adiantado que o único que importará será, de fato, o conteúdo". O meio digital "oferece um espaço ilimitado, é muito mais rápido, elimina custos como papel e distribuição, e não há por que imaginar que será malfeito". E acrescentou: "Há muita imbecilidade, mas também muita qualidade no digital, se você contar com bons jornalistas".

Convencido disso, ele leva adiante, no seu grupo, planos de adotar a cobrança nos próximos meses. "Se houver erros, vamos entender e corrigir. Mas é preciso tentar."

No debate final, o diretor-geral de jornais do grupo RBS, Marcelo Rech, defendeu a busca de qualidade e de capacidade crítica, como metas essenciais para o futuro. "Credibilidade é a palavra-chave", avisou. Depois dele, o ex-diretor-presidente do Grupo Estado, Silvio Genesini, constatou que "estão cada vez mais claros os caminhos para os novos modelos de negócios". Separou uma internet que já começou paga - smartphones, tablets - de outra que era livre "e resta saber se a mudança para o paywall vai funcionar". O desafio é que o sistema "está se movendo para uma dependência maior da publicidade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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