O Banco do Brasil desembolsou R$ 1,7 bilhão para fornecedores de grandes empresas entre agosto e novembro de 2015, os quatro primeiros meses de funcionamento da linha de empréstimos remodelada para atender às cadeias produtivas. Esse valor é mais do que o dobro de tudo o que o banco liberou no ano até junho, quando os desembolsos não chegaram à marca de R$ 800 milhões.
Nesse período, o BB fez acordo com mais de 300 grandes empresas e outros 360 estão em análise. Dados do banco apontam para portfólio diversificado, com convênio entre setores distintos, como alimentício e varejista, além do automotivo. Entre as parceiras, chamadas empresas-âncora, estão companhias de alcance nacional – como Centauros e Magazine Luiza – a empresas regionais, como a varejista gaúcha quero-quero.
Por esses convênios, o BB recebe das empresas-âncora uma lista de encomendas de um grupo de fornecedores para um período específico. O banco, então, antecipa aos fornecedores os valores que seriam recebidos pelo total das entregas.
Em meados de agosto, o BB anunciou o aumento de recursos para direcionar uma parte do crédito de empresas líderes para os fornecedores, com juros mais baixos, tendo em vista que as operações são vinculadas ao fluxo de recebíveis das grandes empresas. O papel das empresas-âncora é ser uma espécie de “fiador” das operações, reduzindo as taxas.
Crédito
No lançamento, a expectativa do BB era aumentar o limite de crédito dessas empresas em R$ 9 bilhões, mas não foi dado nenhum prazo para se cumprir a meta. Pela prospecção do banco, R$ 3 bilhões seriam para a indústria, R$ 2,5 bilhões para o agronegócio, R$ 2 bilhões para comércio e serviço e R$ 1,6 bilhão para o setor automotivo.
Pelos convênios já firmados, o BB estima que pode antecipar R$ 5,4 bilhões para os fornecedores dessas companhias ao longo da vigência dos convênios fechados.
O presidente do BB, Alexandre Abreu, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o balanço desse primeiro quadrimestre aponta para uma “demanda represada” desse público específico. “Foi a estratégia adequada para este momento”, afirmou. As operações de crédito com médias e pequenas empresas tiveram queda de 6,2% no banco em um ano, de acordo com os dados mais utilizados.
O BB possui 2,3 milhões de clientes nesse setor. Para remodelar o produto para fornecedores, o banco precisou alinhar duas áreas – a do atacado (que atende as empresas-âncora) e a do varejo (de relacionamento com pequenas empresas, os fornecedores). “Conseguimos aprimorar nossa análise de crédito para que as empresas da cadeia produtiva tenham acesso aos empréstimos em melhores condições. Mas não é subsídio. As taxas são de mercado”, afirmou.
Abreu também ressalta o efeito cascata do crédito mais barato para a manutenção das atividades produtivas – e consequentemente do emprego – em meio ao desaquecimento da economia. A antecipação pode ser feita, inclusive, para fornecedores que não são clientes do banco, desde que com o respaldo de empresa-âncora cliente.
Em agosto, o BB lançou um novo modelo de relacionamento para revendas de máquinas, equipamentos agrícolas e caminhões. Até o momento, foram firmados 14 convênios com grandes empresas, o que permitirá a antecipação máxima de R$ 4,7 bilhões. Nesses últimos meses, foram desembolsados R$ 253 milhões, mais da metade de todo o valor de 2015.
Segundo o BB, mais de 16 mil produtores rurais foram beneficiados. Outra vantagem do novo produto foi reduzir o prazo médio de contratações das operações de 58 dias para 14.