O auge da crise econômica pode ter passado, mas muitos empresários ainda contabilizam as perdas que se acumularam ano passado e fizeram muitos negócios iniciarem 2016 no vermelho. Divulgado semana passada pelo jornal “Valor Econômico”, o ranking Valor 1.000, que elenca as mil maiores empresas do país, mostra que o faturamento das grandes companhias paranaenses diminuiu o ritmo de crescimento em 2015 e ficou em 8,2%, abaixo da inflação do período, de 10,67% – em 2014, o aumento médio da receita havia sido de 15,6%.
Confira o desempenho das maiores empresas ante a inflação
O ranking do valor, divulgado há 16 anos em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Serasa Experian, traz como principal indicador a receita líquida das empresas. A própria presença das paranaenses na lista é outro dado que mostra o peso da crise no estado – o número de companhias do Paraná na relação baixou de 78 em 2013 para 65 ano passado (veja infográfico). Por outro lado, a fatia de empresas com retração na receita em relação ao ano anterior aumentou: em 2013, apenas 9% das paranaenses na lista viram o faturamento diminuir, porcentual que passou para 26% em 2015.
Retomada?
A expectativa de economistas é que os números negativos de 2015 mostrados pelo ranking Valor 1.000 não voltem a se repetir este ano – pelo menos não com a mesma intensidade. A mudança de governo com o impeachment e a retomada de alguns indicadores – como os índices de confiança dos empresários e consumidores, que já estão nos maiores níveis em mais de um ano – dão munição para os que esperam com ansiedade o fim da recessão. “A economia e a política são gêmeas bivitelinas, uma vive em função da outra. A mudança de governo gera expectativas positivas. As grandes empresas queimaram ano passado a gordura que tinham e agora é o momento da retomada”, afirma o economista Carlos Magno Bittencourt, da PUC-PR.
O encolhimento da receita, diga-se de passagem, não é exclusividade do Paraná. Descontada a inflação, o faturamento das mil companhias brasileiras do ranking registrou uma variação negativa de 2,8%, média similar à do Paraná – e o pior resultado para o país desde a retração de 5,2% em 2009, durante a crise internacional. Como de praxe, a diminuição da receita afetou diretamente o lucro e, na soma total das empresas, o prejuízo registrado foi de R$ 81,6 bilhões, o maior da história do levantamento.
“Os números preocupam. A deterioração dos indicadores reflete o cenário de estresse político e econômico que vivemos. Não me lembrava de tantos prejuízos e resultados negativos como os ocorridos em 2015”, afirma, na publicação do Valor, o especialista setorial da Serasa Experian, João Machado.
Ruim, mas nem tanto
Há quem, no entanto, prefira observar o “copo meio cheio” e avaliar o lado positivo dos números. O economista Carlos Magno Bittencourt, professor de Ciências Econômicas da Escola de Negócios da PUC-PR, lembra que também é preciso comparar o aumento do faturamento das paranaenses em 2015 com a evolução do PIB – que, neste caso, teve retração de quase 4% no ano passado. “Se o cenário econômico é recessivo e mesmo assim as empresas apresentaram na média uma evolução positiva, é uma ótima performance”, pondera.
Além disso, reforça Bittencourt, o ranking também volta a destacar a força de determinados setores na economia do estado. Em especial o agronegócio, atividade que tem 13 representantes na lista paranaense, a maioria cooperativas e todas com evolução na receita na casa de dois dígitos. As grandes do setor de alimentos e bebidas também driblaram a desaceleração, com oito companhias no ranking e faturamento crescendo entre 11% e 33%.
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