Nilson Filatieri, CEO da EadBox, que está em busca de investidores.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Determinar o valor de uma empresa convencional já não é uma tarefa simples. Investimentos, rentabilidade, concorrência, participação de mercado e potencial de rendimento futuro entram na conta. Na hora de avaliar um negócio inovador, a missão é desafiadora. A análise pode começar a partir de uma ideia promissora ou uma empresa nascente com uma proposta inédita – ou com poucos modelos semelhantes –, o que complica as comparações necessárias para a análise e amplia o risco do investidor.

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Em mercados mais desenvolvidos como os Estados Unidos, os parâmetros são mais claros e fica fácil o investidor e o empreendedor se entenderem sobre quanto vale uma startup e o futuro incerto que ela pode ter. O volume de negócios no mesmo modelo dá o balizamento necessário para essa negociação. No Brasil, essa condição ainda está em desenvolvimento. “No fundo, é um exercício para chegar a um ponto de acordo entre as partes, empreendedor e investidor”, resume Rodrigo de Alvarenga, diretor regional do Startup Grind, em Curitiba, e sócio da Hag Consulting & Venture, especializada em consultoria para desenvolvimento de empresas.

De acordo com Alvarenga, a percepção de que somente a ideia de negócio já tem algum valor de mercado é uma característica do ambiente brasileiro. “A ideia inicial vale o quanto ela custa para ser tirada do papel. E o investidor ainda vai avaliar se o produto tem mercado, se a proposta original é viável e, principalmente, se a equipe envolvida tem condições de mudar de trajetória, se o primeiro projeto não der certo”, conta. A decisão passa muito mais pelo instinto e experiência do investidor do que pela análise financeira da proposta.

Uma startup para avaliar outras

Breno Pavão e Adam Petterson reuniram a experiência de três anos no setor de valuation em um grande banco para criar a empresa com a qual pretendem ajudar outros negócios a profissionalizar sua gestão, começando pelo seu valor justo.

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Na avaliação de Allan Costa, mentor e investidor de startups, as apostas em ideias são muito difíceis de ocorrer. O nível de risco neste estágio é alto e afugenta investidores. “Quanto mais avançado for o estágio do novo negócio, maior sua possibilidade de conseguir um bom valuation”, diz.

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Nos negócios em operação, ainda que iniciais, a análise será financeira e é preciso ter controle total da empresa para garantir bons argumentos na hora de negociar para captar recursos e conquistar um sócio capitalista. Mas é essencial estar comprometido com o projeto. “Criar empresa para captar investimento não é um modelo de negócio. O empreendedor precisa ser engajado e acreditar no projeto”, alerta Alvarenga.

Escalas de capital

Do capital próprio à abertura ao mercado, há diferentes fases de capitalização que não precisam ser, necessariamente, cumpridas de maneira completa ou cronológica. A qualquer momento, ainda pode ocorrer uma compra estratégica, seja por um concorrente, um parceiro ou investidor.

Capital Próprio

Família e amigos fazem parte da rede de investidores iniciais no negócio.

Anjo

Empresários que contribuem com o novo empreendimento, em troca de uma parte da rentabilidade.

Seed

Capital semente, que podem ser de fundos dedicados à prática ou agências de fomento.

Venture Capital

Fundos voltados a investimentos em empresa em desenvolvimento, ainda com risco comercial.

Private Equity

Aportes para expansão das operações em negócios já estabelecidos.

Abertura de capital

Entrada no mercado de capitais, com lançamento de ações.

Operação controlada para negociar com investidor

Não raro, o empreendedor vai adquirir conhecimento sobre mercado financeiro e as métricas que vão ajudar a estabelecer taxas de crescimento e potencial do negócio – essenciais para o valuation de uma empresa– ao mesmo tempo em que tem que dar conta do operacional. Nilson Filatieri, CEO da EaDBox, sabe responder em quanto tempo ele consegue o retorno do investimento que faz em cada cliente, graças ao acompanhamento ininterrupto da operação.

O aprendizado foi adquirido ao longo dos anos de empreendedor, iniciado em 2011, com um marketplace de cursos on-line, a primeira proposta da EaDBox. A partir do ano seguinte, ele e os sócios passaram a dar mais atenção ao software que poderia ser vendido para empresas educacionais e aos departamentos de treinamento corporativo de grandes empresas para capacitação de equipes.

Duzentos clientes depois, com crescimento médio de 15% ao mês, presença na América Latina e novos planos de expansão para os Estados Unidos, a EaDBox acumula a experiência de passar por aceleradoras e programas internacionais de capacitação. Atualmente, negocia com fundos de investimentos nacionais e estrangeiros, em que pleiteia aportes de US$ 2 milhões para desenvolvimento dos projetos de 2016.

Em geral, as negociações levam, em média, seis meses e o valor do negócio é a última questão da conversa. “Antes é preciso estabelecer os critérios de partilha e sociedade, gestão e venda das partes. E tudo é baseado em métricas e resultados”, ensina.

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