O faro fino de Iára Capraro é a locomotiva da empresa Daiara Artes, fundada há 30 anos em Curitiba. Foi assim desde o início, no primeiro endereço da loja, na Jesuíno Marcondes, aberta por insistência do marido e do pai da professora de pintura que levava mais de 60 alunas para o apartamento da família.
Foram elas que batizaram o empreendimento: a loja ‘Da Iára’ e a técnica ‘Da Iára’ foram as referências que acabaram na fachada.
Em 30 dias, o número de alunas pulou para cem. Todas faziam fila para comprar matéria-prima e o movimento atraia mais consumidores. Quatro meses de funcionamento foram suficientes para tirar o marido, Romano Capraro, da empresa de postes elétricos em que trabalhava há 18 anos para cuidar das contas da Daiara. Juntos, montaram a estratégia para competir em um mercado que já tinha pelo menos quatro fortes concorrentes na cidade: trazer novidades de fora. Visitas a feiras especializadas e cursos promovidos pelos fabricantes e fornecedores em São Paulo foram fundamentais para pesquisar materiais e técnicas que, aos poucos, foram entrando nas prateleiras da Daiara.
O trabalho de garimpagem logo tornou-se a principal característica da empresa. Para dar conta de abastecer a clientela, Iára e Capraro também investiram em fábricas de objetos para decoração.
Uma de cerâmica e uma marcenaria, onde eram feitos os produtos para pintura em MDF, foram incorporados à empresa e abasteciam a própria loja e outras da concorrência. As fábricas foram vendidas, mas a produção ainda está disponível na Daiara e compõe o catálogo de 35 mil produtos.
Fábrica de tintas
Outro produto que teve boa saída foram as tintas látex que o casal envasava para vender em porções menores para as alunas.
Iára rebatizou os potinhos com a sigla do Acetato de Polivinila, principal ingrediente da fórmula, e o PVA tornou-se sinônimo de tinta para artesanato em todo o país. O que começou com a compra de galões para envase caseiro, com rótulos feitos à mão, foi o início da fábrica de tintas Daiara Cores, hoje administrada pelos filhos e com mais de 1,5 mil clientes em todo o país, além de exportar para Portugal e Espanha.
O desenvolvimento de um produto próprio começou com a contratação de um engenheiro químico incumbido de traduzir a fórmula e ampliar a cartela de cores de uma marca de tinta norte-americana que Iára descobriu em uma das viagens ao exterior.
Depois de algum tempo como compradora da produção, que vinha de São Paulo, os empreendedores decidiram investir na fabricação local.
A indústria foi para a CIC em 2002. O braço químico produz também vernizes, colas, craquelês e componentes.