No início de maio, durante pouco mais de quatro dias – mais precisamente 107 horas seguidas – Portugal atendeu a demanda energética de seus 10,4 milhões de habitantes com energia proveniente, exclusivamente, das fontes eólica, solar e hídrica. Da porção total, a maioria (58%) veio dos ventos.
O fato de nenhuma emissão de combustível fóssil ter sido registrada no período representa uma vitória ao país, que já foi considerado o 27º mais poluente da Europa e, há três anos, tinha o carvão como líder de sua matriz energética.
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O feito foi alcançado das 6h45 do dia 7 de maio às 17h45 do dia 11. O resultado foi confirmado pela Associação Sistema Terrestre Sustentável (ZERO), com colaboração da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN). Para chegar à conclusão, as entidades avaliaram dados das Redes Energéticas Nacionais (REN).
A boa nova foi anunciada dias depois de a Alemanha ter atendido praticamente toda sua necessidade energética por fontes limpas. A Dinamarca também já faz isso e ainda exporta as sobras da produção eólica. No Reino Unido, no mês passado, a geração de energia seguiu a tendência europeia e também foi completamente isenta do carvão.
Renováveis em ascensão
Segundo o Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat), o progresso de Portugal foi expressivo, motivado por fortes investimentos na área de renováveis, principalmente, no setor eólico. Em 2013, por exemplo, o vento era responsável pela fatia de 7,5% da matriz energética do país. Em 2015, o índice saltou para 22%.
Hoje, o país tem cerca de 5 gigawatts (GW) de potência eólica instalada. Em três anos, a capacidade de geração a partir do vento aumentou 500 megawatts. A porção é suficiente para atender o consumo energético de 3,4 milhões de habitantes. Para chegar ao resultado, Portugal concentrou esforços para melhorar a capacidade de armazenamento de energia, a gestão dos excedentes e compensar as variações meteorológicas. Em breve, a nação espera lucrar com a venda do excedente produzido.
Além de reduzir expressivamente a emissão de poluentes nocivos à atmosfera e contribuir com a mitigação das mudanças climáticas, a alteração de cenário português favorece um impacto significativo na economia local, motivado pela queda das importações de combustíveis fósseis, por exemplo.
Apesar do sucesso, entretanto, desafios ainda precisam ser superados. Mesmo sendo a região com maior exposição solar da Europa, por lá, o setor fotovoltaico ainda dá os primeiros passos. Somente em torno de 1% da demanda energética é atendida pelo segmento. Além disso, apenas 5% dos veículos do país são hoje movidos a biocombustíveis.
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