Marcelo machado, CEO da Landis+Gyr para a América do Sul: “Brasil está engatinhando em implantação de redes inteligentes, mas tem muito potencial”.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

A crise econômica freou o ritmo de investimentos das companhias em redes inteligentes de distribuição de energia, mas não tirou o ânimo da Landis+Gyr, especialista em sistemas de medição para o setor. A multinacional de origem suíça, controlada pela japonesa Toshiba, mantém a expectativa de crescer de 10% a 15% ao ano no Brasil ao longo dos próximos cinco anos de olho na retomada do crescimento.

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Para crescer dois dígitos, a Landis+Gyr, com faturamento global de US$ 1,56 bilhão, reforça seu objetivo de oferecer a solução completa em “smart grids”. Isso inclui vender não apenas medidores inteligentes, mas entregar um pacote completo com software, instalação, operação e manutenção de todo o sistema.

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Nesse contexto, a fábrica brasileira da multinacional, na Cidade Industrial de Curitiba, tem um papel crucial na expansão das atividades da empresa. Com 300 funcionários e capacidade para produzir 3,5 mil medidores por dia, é dali que estão saindo equipamentos e soluções para projetos dessa natureza em todo o Brasil e América do Sul, com projetos piloto na Argentina, Bolívia e Colômbia.

Por enquanto, o maior em andamento é o da distribuidora carioca Light. Fechado em setembro de 2014, o contrato de R$ 750 milhões prevê o fornecimento de 1,1 milhão de medidores eletrônicos, além de toda a rede de comunicação inteligente, até 2019. Até agora, foram entregues 350 mil pontos.

Além deste, a empresa também mantém projetos em desenvolvimento com as companhias de energia do Rio de Janeiro (Ampla), Ceará (Coelce) e Pará (Celpa), o mais recente com previsão de instalação e integração de medidores em 25 mil clientes da distribuidora paraense.

O fato de o Brasil estar engatinhando nesta área, comparando ao que existe na Europa e nos Estados Unidos em aplicação de medição inteligente, indica o tamanho do potencial existente aqui, afirma Marcelo Machado, CEO da empresa para a América do Sul. Hoje, o Brasil responde por 10% do faturamento global da empresa. Na regional “Américas”, a operação brasileira só está atrás dos Estados Unidos, que soma 65% do faturamento total do grupo em função dos investimentos massivos em redes inteligentes.

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Hoje, a maioria das distribuidoras brasileiras possui apenas projetos experimentais em redes inteligentes, mas essa já é uma tendência em outros países. “O futuro tem medição inteligente integrada de água, gás, energia, iluminação pública, dispositivos de controle de tráfego. A viabilidade de um sistema como esse aumenta à medida que você incorpora outras soluções”, diz Machado.

Contrapartida tarifária

É um mercado que vai acabar se consolidando naturalmente porque contribui para a busca por eficiência das distribuidoras de energia, acredita o CEO da Landis+Gyr. Ao ter dispositivos que se comunicam com a central da distribuidora, fornecendo informações do consumo e da rede em tempo real, o sistema traz ganhos operacionais e de eficiência para as empresas, que conseguem gerenciar e combater as perdas de energia, recuperando receita.

US$ 36,6 bilhões

é a soma de recursos que devem ser aportados em projetos de redes inteligentes no Brasil nos próximos seis anos, de acordo com um estudo da consultoria norte-americana Northeast . Quase metade desse total deverá ser destinado a substituição de medidores convencionais (analógicos) pelos equipamentos inteligentes (eletrônicos).

Outro aspecto, segundo ele, é a possibilidade de automação das redes de distribuição. Além de obter informações desses dispositivos, é possível acioná-los e interagir com eles remotamente. Nesse sistema, o cliente residencial também consegue acompanhar, em tempo real, a evolução do consumo e do gasto com energia, sem surpresas na tarifa.

Mas, para que essa tendência se concretize por aqui, as regras para aplicação desse tipo de tecnologia precisam avançar no país. “Hoje a tecnologia está na frente das questões regulatórias”, diz o CEO da Landis+Gyr. Não há, por exemplo, um processo de reconhecimento tarifário dos investimentos feitos em redes inteligentes e, principalmente, dos benefícios disso para o sistema elétrico.

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Referência em novos produtos

Até agora, o objetivo de transformar a fábrica brasileira, localizada em Curitiba desde 1992, em um dos centros de referência mundial no desenvolvimento de novos produtos tem dado certo. De olho no avanço da geração distribuída de energia no país, está em fase final de homologação pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) uma nova geração de medidores inteligentes bidirecionais desenvolvidos pela Landis+Gyr capazes de fazer o registro tanto do consumo de energia proveniente da rede quanto de sistemas de geração caseiros, como o fotovoltaico, por exemplo. Além disso, esses medidores permitem o controle do consumo com base no conceito de tarifa branca, uma nova opção que sinaliza aos consumidores a variação do valor da energia conforme o dia e o horário do consumo.