Com o recuo de 0,8% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre deste ano, o país entrou, pela primeira vez desde 2003, em recessão técnica.
A recessão técnica é definida pelos economistas como dois trimestres consecutivos de queda no PIB dois períodos em que a soma das riquezas produzidas pelo país fica menor do que nos três meses anteriores.
E por que não um, ou três, ou quatro trimestres? É uma convenção: "isso é para estabelecer parâmetros de comparação no sistema mundial, mas é uma convenção, não tem um motivo", diz Miguel Daoud, da Global Financial Advisor.
"É uma prática internacional, adotada pelos países da Europa e dos Estados Unidos, considerar que há uma recessão técnica quando sucessivamente dois trimestres apresentam crescimento negativo. É uma definição que foi adotada, mas não há nenhum conceito científico para que se considere dois trimestres negativos como uma recessão", diz Carlos Daniel Coradi, da EFC Engenheiros Financeiros & Consultores.
Histórico
A última vez em que o país havia entrado em recessão técnica havia acontecido em 2003.
No primeiro e segundo trimestres daquele ano, a economia do país "encolheu" 1,44% e 0,23%, respectivamente, após uma forte desvalorização cambial. Nos trimestres seguintes, a economia se recuperou, e o país fechou o ano com alta de 1,1% no PIB.
Nesta década, o país também teve recessão em 2001. Naquele ano, foram três trimestres consecutivos de recuo na economia, abalada pelo "apagão" e pelos atentados ao World Trade Center. Com uma alta no PIB no último trimestre, no entanto, a economia fechou o ano com expansão de 1,3%.
Anualmente, a última queda no PIB brasileiro foi registrada em 1992, de 0,5%. Desde então, o pior resultado anual foi verificado em 1998, quando a economia ficou estagnada.
Outra recessão
Embora seja a mais usada, a definição de recessão como dois trimestres consecutivos de queda no PIB não é a única.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica (NBER, na sigla em inglês) define recessão como "uma queda significativa na atividade econômica do país durante mais do que alguns meses, normalmente visível no crescimento do PIB, renda pessoal, emprego, produção industrial e vendas". Por esse critério, o NBER considera que os EUA estão em recessão desde o início de 2008.
No Brasil, a Fundação Getulio Vargas (FGV) também adotou a definição. Pelos cálculos da entidade, o país está em ciclo de recessão desde o último trimestre do ano passado, encerrando um período de 21 trimestres de crescimento.
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