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COMÉRCIO EXTERIOR

Exportações do Paraná para a Argentina despencam 43%

Afetada pela crise na Argentina, a Renault amarga uma queda de 57% nas exportações nos primeiros quatro meses deste ano: país é o principal destino dos veículos produzidos pela montadora. | Rodollfo Buhrer/Reuters
Afetada pela crise na Argentina, a Renault amarga uma queda de 57% nas exportações nos primeiros quatro meses deste ano: país é o principal destino dos veículos produzidos pela montadora. (Foto: Rodollfo Buhrer/Reuters)

As exportações do Paraná para a Argentina vêm derretendo desde o ano passado e o cenário de 2015 se projeta ainda pior. De janeiro a abril, as vendas de empresas paranaenses para o país vizinho acumulam uma queda de 43% em comparação ao mesmo período de 2014. A retração é tão forte que a Argentina deve perder neste ano o posto de segundo maior parceiro comercial do estado, posição a ser ocupada pelos Estados Unidos.

Nos primeiros quatro meses do ano, as companhias com sede no Paraná faturaram US$ 276,3 milhões em vendas para a Argentina, contra US$ 484 milhões em 2013, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Para especialistas, o desempenho ruim do estado reflete o fato de o Brasil concentrar seus esforços de venda em um único parceiro, o Mercosul, que está em crise.

Com a impossibilidade de buscar recursos no mercado financeiro internacional, o governo de Cristina Kirchner tenta buscar o superávit primário fechando as portas para a importação. “Como o país exporta principalmente commodities e passou por uma redução muito grande na safra no ano passado, só consegue gerar superávit segurando o que vem de fora”, aponta o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

Outro agravante é a série de acordos comerciais firmada recentemente entre argentinos e chineses para a compra de produtos manufaturados do país asiático. “Esse acordo claramente infringe o Mercosul e o Brasil assiste a isso passivamente. Neste caso estamos sendo prejudicados duplamente. Pela redução das importações e com o desvio de comércio para a China”, diz Castro.

Automóveis e máquinas

Embora ainda seja o principal segmento exportador, a situação é pior para a cadeia que envolve as indústrias automotiva e de máquinas. Juntos, os grupos acumulam uma queda de 82% nas exportações para o país vizinho. “O Mercosul passou a ser um entrave para a economia brasileira”, afirma o economista Francisco José Gouveia de Castro, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes).

Os embarques de veículos da Renault, por exemplo, caíram 57% nos primeiros quatro meses do ano em comparação com 2014. O principal comprador dessa produção é a Argentina. A montadora francesa instalada em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, faturou US$ 109,8 milhões no primeiro quadrimestre, ante US$ 253,3 milhões no ano passado, em vendas para o exterior.

O acordo entre os dois países que regula as exportações automotivas vence em junho, mas deve ser renovado. No começo do mês, um encontro entre o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro Neto, e o ministro argentino da Economia, Axel Kicillof, sinalizou a intenção de prorrogação.

Os termos atuais do pacto comercial estabelecem que para cada US$ 1,5 milhão em carros e peças vendidos para a Argentina sem imposto, o Brasil tem de comprar US$ 1 milhão do país vizinho, também sem o tributo. É o chamado regime flex. O que passar disso tem alíquota de 35%. Segundo Monteiro Neto, a renovação deve ocorrer com os mesmos marcos.

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