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Crise

Fed ajudará economia com programa de US$ 400 bilhões

O Federal Reserve intensificou sua ajuda à fraca economia norte-americana nesta quarta-feira (21) ao lançar um esforço para colocar mais pressão de baixa sobre as taxas de juros de longo prazo e ajudar o combalido setor imobiliário.

Alertando contra riscos "significativos" para a economia, o Fed disse que vai lançar um novo programa de 400 bilhões de dólares para direcionar seu balanço de 2,85 trilhão de dólares mais fortemente a ativos de prazo mais longo - por meio da venda de papéis de prazo mais curto e da utilização do capital adquirido para comprar Treasuries de vencimento mais longo.

O banco central dos EUA também afirmou que vai reinvestir no mercado de hipotecas os rendimentos de bônus de agências imobiliárias e hipotecas de sua carteira, um reconhecimento da fraqueza que continua abatendo o setor.

"Recentes indicadores apontam para contínua fraqueza nas condições gerais do mercado de trabalho, e a taxa de desemprego permanece elevada", afirmou o Fed em comunicado divulgado após uma reunião de dois dias.

"Há significativos riscos adversos para a perspectiva econômica, incluindo tensões nos mercados financeiros globais."

A medida do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) foi recebida de modos distintos nos mercados financeiros. As bolsas de valores dos Estados Unidos caíam, aparentemente devido ao prognóstico ruim do Fed. Os preços dos títulos públicos norte-americanos, contudo, subiam, derrubando os juros, num sinal de que a ação do Fed foi mais agressiva que a esperada por investidores.

O rendimento do Treasury de 10 anos --considerado referência pelo mercado-- caía a 1,871 por cento, menor nível em mais de 60 anos.

Em meio a uma taxa de desemprego de 9,1 por cento, a confiança do consumidor e dos empresários foi golpeada pelo rebaixamento do rating dos EUA e pela escalada da crise de dívida soberana na Europa, e as autoridades do Fed sinalizaram que buscarão evitar que a já fraca economia norte-americana enfraqueça ainda mais.

Mas, mesmo com o chairman do Fed, Ben Bernanke, indicado a relutância do banco central norte-americano em permanecer à margem, o ativismo do Fed se tornou alvo de críticas de políticos, à medida que a eleição se aproxima.

Os principais líderes republicanos do Congresso escreveram a Bernanke nesta semana pedindo que o banco central desista de mais intervenções econômicas, expressando as mesmas críticas de candidatos republicanos à Presidência nas últimas semanas.

A maioria das autoridades do Fed, contudo, acredita que, ao alterar sua carteira de bônus, o banco central pode estimular o refinanciamento de hipotecas e levar investidores a ativos de maior risco, como bônus de empresas e ações, sem alimentar uma alta nos preços ao consumidor.

Contudo, nem todos os formuladores de política monetária apoiam a medida do Fed. As mesmas três autoridades que votaram contra a decisão de agosto de manter a promessa de juro baixo se opuseram ao movimento desta quarta-feira.

Mohamed El-Erian, um dos vice-presidente de investimentos da PIMCO, maior gestora de fundos do mundo, disse que os dissidentes enfraqueceram a mensagem do Fed sobre a fraqueza econômica. "O resultado aponta para um Fomc ainda mais dividido", afirmou.

FAZENDO O "TWIST"

Em seu comunicado, o banco central disse que vai comprar 400 bilhões de dólares em ativos com vencimentos entre seis e 30 anos até o final de junho de 2012, vendendo uma quantia equivalente de dívida com vencimento em três anos ou menos.

Críticos dizem que o afrouxamento monetário falhou em produzir resultados e alertaram que ele pode, na verdade, causar prejuízos ao alimentar a inflação e enfraquecer o dólar.

"Temos sérias preocupações de que mais intervenção do Federal Reserve possam exacerbar os atuais problemas ou golpear mais a economia norte-americana", afirmaram líderes republicanos do Congresso na carta a Bernanke.

As políticas do banco central norte-americano também têm se tornado um tópico da campanha presidencial. O governador do Texas, Rick Perry, pré-candidato republicano, disse que a impressão de mais dinheiro pelo Fed seria quase "uma traição".

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