Os acidentes em série em refinarias da Petrobras na últimas semanas fizeram a Federação Única dos Petroleiros (FUP) se reunir nesta segunda-feira (16) para discutir a convocação de uma greve geral por maior segurança na companhia. No Paraná, os trabalhadores da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, já anteciparam a decisão e decretaram greve no domingo (15). A unidade teve um incêndio em novembro sem vítimas, mas que levou à parada de produção. Segundo a Petrobras, a previsão era de que a produção voltaria nos próximos dias. Mas, segundo o sindicato dos petroleiros do Paraná, uma das unidades da refinaria não oferece condições mínimas de segurança, e por isso não pode voltar a operar.
Hoje, a presidente da companhia, Graça Foster, que recebeu um prêmio no Rio, se negou a falar com jornalistas sobre o assunto, alegando que estava com pressa para outro compromisso.
Economia
De acordo com o diretor da FUP José Maria Rangel, o motivo dos acidentes é o mesmo que levou a interdições da Agência Nacional do Petróleo (ANP) de 11 plataformas de produção da empresa em 2011: falta de manutenção para evitar a redução da produção.
Desta vez, ele acusa também o Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop) como fator que estimula a ocorrência dos acidentes, por buscar reduzir o tempo de manutenção das unidades.Sofreram acidentes não fatais nas últimas duas semanas as refinarias Reman (Manaus), Repar (Paraná), Reduc (Rio de Janeiro), Regap (Minas Gerais) e Rlam (Bahia).
Rangel informou que no dia 20 será realizada uma reunião extraordinária do Conselho de Administração da empresa para discutir o assunto, no âmbito Comitê de Segurança, Meio Ambiente e Saúde.
Na ocasião, segundo Rangel, que convocou o encontro, serão relatados os acidentes das refinarias de Manaus, onde quatro trabalhadores ficaram gravemente feridos, com dois ainda internados sem risco de morte, e do Paraná, onde segundo ele uma explosão na unidade de destilação interrompeu a produção.
As refinarias da Petrobras estão operando com 99% da sua capacidade para tentar reduzir a necessidade de importação de derivados da companhia, que vem acarretando prejuízos bilionários para a empresa na área de abastecimento.
"Nós temos colocado há muito tempo que está acontecendo as refinarias a mesma coisa que aconteceu nas plataformas. A falta de manutenção para não reduzir a produção tem um custo, e a conta chega", disse Rangel. Ele é também representante dos empregados no Conselho de Administração da estatal.
Rangel informou que os acidentes mais recentes foram na Bahia, onde duas ocorrências seguidas acenderam a luz vermelha na FUP. "Dois acidentes seguidos atingiram os trabalhadores da Rlam (Bahia) que atuam na parada de manutenção da Unidade de Craqueamento Catalítico Fluído. Na última quinta-feira, um trabalhador da Mills (terceirizada) sofreu queimadura de segundo grau nas pernas ao ser atingido por um jato de vapor, durante a perigosa "purga" da unidade", informa a FUP em seu site.
Na sexta-feira, mais dois trabalhadores foram vítimas de um incêndio de médias proporções na torre fracionadora da Rlam. Um caldeireiro da empresa Estrutural (terceirizada) sofreu queimadura no rosto e deslocamento do omoplata, após ter caído de uma andaime com mais de 2 metros de altura, informou a entidade.
O Sindipetro-BA (Sindicato dos Petroleiros da Bahia) afirma que os acidentes são resultado "de uma série de atropelos gerenciais para realizar a toque de caixa uma parada de manutenção em um prazo exíguo de apenas 20 dias, quando o necessário seria, no mínimo, 60 dias".
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