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APlicação

Gestão ativa não garante retorno em fundos de investimento

Fundos de Warren Buffett atrelados ao S&P 500 têm boa rentabilidade: técnica funciona bem nos EUA. | Mike Segar/Reuters
Fundos de Warren Buffett atrelados ao S&P 500 têm boa rentabilidade: técnica funciona bem nos EUA. (Foto: Mike Segar/Reuters)

A presença de um gestor especializado para alocar recursos em fundos de investimentos transmite segurança e cria perspectiva de bons ganhos, mas nem sempre se mostra vantajosa. O sucesso de estrategistas como o americano Warren Buffett, que tem aplicações inspiradas em índices, reaviva uma polêmica clássica no meio: vale a pena pagar pela administração dinâmica de fundos?

No mercado e no ambiente acadêmico há correntes opostas, que buscam comprovar a prevalência de uma ou outra modalidade. Na gestão ativa, que é majoritária no Brasil, um profissional se dedica a acompanhar o mercado e definir os canais de aporte, com vistas a bater determinada referência (benchmark), como o Ibovespa. Já na coordenação passiva (ou indexada), replica-se a configuração do índice escolhido, sem modificações de conveniência.

Buffett mostrou, recentemente, que seus fundos atrelados ao S&P 500 (índice americano formado por ações de 500 empresas) superam modalidades mais sofisticadas, caras e geridas ativamente, como determinados hedge funds, segundo reportagem do jornal Financial Times.

O analista de investimentos André Rocha explica que os Estados Unidos têm mais volume e diversidade de índices, o que facilita o uso de técnicas como as de Buffett. “Os nossos índices, como o Ibovespa, são muito concentrados em estatais e empresas de commodities”, diz.

A discussão é antiga e se alavanca na alternância de resultados entre as modalidades de fundo. “Nos períodos estáveis, a gestão ativa tem mais chances de dar resultados. Mas, em momentos de mudanças abruptas, esses fundos estão mais sujeitos a perdas”, explica o consultor de investimentos e professor universitário Gilberto de Oliveira Kloeckner.

Retorno e taxas

A decisão do modelo ideal deve partir, na recomendação de analistas, de uma avaliação do perfil do administrador, cujos objetivos devem se alinhar aos do investidor. Os fundos estabelecem limites para a atuação do profissional, como porcentuais máximos destinados a cada ativo, mas caberá ao gestor tomar decisões estratégicas. “Faltam, no Brasil, fundos mais transparentes, que explicam suas estratégias. Nos bancos, tirando os clientes de alta renda, quase ninguém tem acesso ao gestor. O relacionamento é muito distante”, critica Rocha.

Também é importante olhar retrospectivamente sobre o fundo desejado, avaliando o grau de rentabilidade. “Muita gente olha para o desempenho de curto prazo do fundo, que pode ter ido muito bem em períodos curtos, e acaba se arriscando. É preciso olhar em longo prazo”, orienta o economista Fábio Silva, membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon).

Um fator decisivo, que pode tornar desvantajosa a escolha por um fundo administrado, é a cobrança de taxas. As principais são a de administração – que também existe, embora geralmente é menor, nos fundos passivos – e a de performance, em que parte da rentabilidade superior ao índice de referência é destinada ao analista. “Se der resultado, o gestor sempre ganha. Mas, quando há perdas, o passivo é socializado, dividido entre todos os cotistas”, aponta o economista Eduardo Reis Araújo, que é presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES).

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