O Fundo Monetário Internacional (FMI) comemorou a recomendação do uso de política fiscal - isto é, mais gastos públicos - que consta do comunicado final da reunião do G-20 em São Paulo. A política fiscal expansionista coordenada entre os países é vista como uma das principais armas para combater uma das piores crises econômicas globais dos tempos modernos. "Pode parecer um pouco surpreendente que o FMI esteja argumentando a favor do estímulo fiscal, mas é mais surpreendente que todo mundo, ou quase todo mundo, no G-20 tenha sido favorável", disse o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, em entrevista à imprensa neste domingo (9).

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O consenso alcançado ao final da reunião sobre política fiscal, porém, tem muitas nuances e pré-condições. Strauss-Khan referiu-se sempre ao estímulo fiscal como uma política a ser adotada no tempo adequado, de forma focada e em caráter temporário. Ele acrescentou que a política fiscal expansionista "não é possível em todos os lugares, mas, onde for possível, este tipo de suporte tem de se materializar". O comunicado divulgado pelo G-20 ao final da reunião diz que as políticas fiscais têm funcionado como importante instrumento para se enfrentar a crise e defende que organismos de fomento multilaterais apóiem países que precisem de ajuda para adotar políticas anticíclicas.

Foi particularmente elogiado pelo diretor-gerente do FMI, e pelos participantes do G-20 em geral, o grande pacote de impulso fiscal anunciado hoje pela China. "Eu estou feliz que os chineses tenham anunciado algo que está exatamente em linha com o que nós viemos pedindo há dois meses", celebrou Strauss-Kahn.

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Em relação ao Brasil e à América Latina, ele indicou que o uso da política fiscal tem de ser contrabalançado com o risco de inflação. "Em toda a América Latina, a inflação é uma preocupação", disse, mas ressalvou que a queda no preço das commodities e do petróleo faz com que este risco se torne menor em 2009. Quanto ao Brasil, especificamente, ele repetiu a atitude da véspera do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, dizendo que não gostaria de fazer comentários em São Paulo sobre a política econômica brasileira. Ainda assim, disse que "não censuraria o governo brasileiro e o Banco Central por estarem preocupados com a inflação". Strauss-Kahn deixou claro, porém, que, ainda que a preocupação com a inflação deva ser mantida, o problema do mundo hoje é muito mais o da desaceleração do crescimento do que o risco da alta dos preços.

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