Os fundos de renda fixa e o ouro lideraram o ranking de investimentos de janeiro. O levantamento computa o desempenho nos últimos 12 meses e desconta Imposto de Renda, quando incidente.
O aumento da taxa básica de juros (Selic) ao longo do ano passado favoreceu a aplicação em fundos de renda fixa, que tiveram valorização de 9,91% em 12 meses (após o desconto de Imposto de Renda, de 17,5% na categoria) e de 0,86% em janeiro (também após o desconto de IR).
Os fundos DI, que aplicam os recursos em títulos públicos e privados pós-fixados, registraram ganho de 9,17% (após IR) em 12 meses e de 0,66% no mês.
Efeito Selic
Desde janeiro de 2014, a taxa Selic passou de 10,50% ao ano para os atuais 12,25% ao ano. Para Raphael Juan, gestor da BBT Asset, esse aumento está por trás do bom desempenho dos fundos em 12 meses e no mês. "Voltamos a um patamar de Selic acima de 12%. Hoje está fácil para o gestor de renda fixa conseguir bom retorno para os investidores", avalia.
Segundo ele, a fraca atividade econômica no país inviabiliza que a taxa básica supere os 13% ao ano. "Projetamos que, no fim de 2016, a taxa voltará a cair, se situando em 11,5% ao ano", diz.
Juan lembra que, antes de escolher um fundo, o investidor deve pesquisar a taxa de administração cobrada. "Esses fundos têm que ter uma taxa bem baixa, entre 0,5% e 1%, para não corroer o ganho", ressalta.
A poupança - tanto para depósitos até 3 de maio de 2012 quanto os feitos após essa data - teve rendimento de 7,05% em 12 meses e de 0,59% no mês. A caderneta é isenta de IR.
A inflação projetada para janeiro medida pelo IPCA (índice oficial) é de 1,20%, segundo pesquisa mais recente feita pelo Banco Central com economistas. Nos 12 meses encerrados em dezembro (dado mais recente disponível), o IPCA ficou em 6,41%, pouco abaixo do teto da meta estipulada pelo governo, que é de 6,50%.
Ouro
A forte valorização do preço do ouro no mercado internacional e o avanço do dólar no cenário doméstico fizeram com que a commodity registrasse valorização de 12,3% em 12 meses.
Só em janeiro, o ouro teve alta de 7,50%. O preço da commodity é formado por uma combinação do valor do dólar no Brasil e do ouro no exterior. A forte alta da moeda americana no mês - de 1,36% - e também do preço do ouro no exterior - em torno de US$ 87 - colaboraram para o desempenho do ouro, afirma Edson Magalhães, diretor da corretora Reserva Metais,
A aplicação em ouro é isenta de IR para vendas de até R$ 20 mil por mês, assim como ocorre com ações.
O metal é considerado uma opção segura de investimento e, por isso, é mais procurado em momentos de instabilidade no mercado financeiro, como o atual. Diante da maior procura de investidores - em geral, os que possuem mais recursos disponíveis para aplicar -, o preço do ouro sobe.
Segundo Magalhães, a insegurança no exterior também contribuiu para o aumento da sensação de aversão entre os investidores. "Houve problemas na Grécia, com a vitória do partido de esquerda com discurso anti-austeridade, além da crise econômica pela qual a Rússia passa e toda essa questão dos atentados na França. Isso tudo gera insegurança", ressalta.
Dólar
A possibilidade cada vez mais forte de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) elevar sua taxa de juros fez com que o dólar registrasse valorização de 11,3% em 12 meses. No mês, a moeda americana subiu 1,36%.
Uma alta dos juros nos EUA tende a provocar uma retirada de recursos de países emergentes, como o Brasil.
Com o bom desempenho da divisa, os fundos cambiais, alternativa para o pequeno investidor que quer aplicar em moeda estrangeira, registraram avanço de 5,33% em 12 meses, após desconto de Imposto de Renda (de 17,5% na categoria). No mês, os fundos tiveram queda de 2,71%.
Boa parte da valorização do dólar no mês foi fruto da declaração do ministro Joaquim Levy (Fazenda), que afirmou nesta sexta-feira (30) que "não há intenção de se manter o câmbio artificialmente valorizado" para favorecer as exportações brasileiras.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 2,74%, para R$ 2,684. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, teve alta de 2,94%, para R$ 2,689.
Para Guilherme da Nóbrega, economista-chefe da Guide Investimentos, a tendência da moeda americana ainda é de valorização. "O investidor também está atento ao que o Levy vai entregar em termos de ajuste fiscal. Vai dar certo ou não? Isso também influencia o câmbio. O tamanho do ajuste é grande e talvez a gente não chegue até lá", ressalta.