A fusão entre a Sadia e a Perdigão não deve provocar efeitos imediatos nem para o consumidor nem no funcionamento das empresas, afirmaram os presidentes das duas companhias em entrevista. Sadia e Perdigão anunciaram nesta terça-feira (19) um acordo de fusão que vai criar a Brasil Foods (BRF), uma gigante do setor de alimentos.
Durante o processo de fusão, no entanto, as duas empresas funcionarão em paralelo, até a aprovação da operação pelas autoridades de defesa da concorrência (Conselho Administrativo de Defesa Econômica - Cade e Secretaria de Acompanhamento Econômico - Seae).
"Nos primeiros meses não haverá interferência operacional de uma empresa na outra", disse Luiz Fernando Furlan, presidente do Conselho de Administração da Sadia, sem precisar qual o prazo para que isso seja alterado.
Economia operacional
Quando a fusão estiver implementada, a previsão é de que possa gerar uma economia de até R$ 4 bilhões, o que, segundo os executivos, vai também permitir que a empresa baixe o preço de alguns produtos, ganhando novos mercados no país.
De acordo com o executivo, uma consultoria será contratada para ajudar no processo de fusão. "Eles vão ajudar a verificar os talentos de cada uma para ter uma equipe sem predominância de uma ou outra empresa", disse Furlan. Até que isso ocorra, as diretorias das duas empresas não serão modificadas.
A mudança mais imediata será nos Conselhos de Administração das duas empresas. O conselho da Perdigão, composto de 11 membros, terá três membros vindos da Sadia, e será co-presidido por Furlan e por Nildemar Secches, atual presidente da Perdigão. A mesma estrutura será aplicada no comando da Sadia.
No esquema desenhado para a fusão, a Brasil Foods será a sucessora da Perdigão. Os acionistas das duas empresas se tornarão acionistas da BRF e a Sadia se tornará, em um primeiro momento, subsidiária da nova empresa.
Marcas
De acordo com Nildemar Secches, presidente do Conselho de Administração da Perdigão, a BRF, empresa resultante da fusão, será a marca institucional da empresa. Já os produtos tradicionais das duas empresas "vão continuar indefinidamente".
"Continuaremos a operar com os mesmos produtos, com todas as marcas que oferecemos ao público. As marcas têm a sua vida e sua comunicação própria, são os grandes ativos das empresas", afirmou.
"Do ponto de vista comercial, os consumidores não vão sentir nada no dia seguinte, todas as marcas estarão lá", afirmou o presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan.
Empregos
Os executivos também garantiram que não haverá demissões nas fábricas das companhias. "A união das empresas certamente ensejará uma expansão da produção e de conquista de novos mercados. E para isso tem que aumentar a produção, então não há previsão de demissões de chão de fábrica", disse Furlan.
Juntas, Sadia e Perdigão têm 116 mil funcionários, o que faria da BRF a maior empregadora do Brasil, segundo comunicado divulgado pelas empresas. "Estamos tranqulizando nossas equipes sobre essa questão", disse o ex-ministro do Desenvolvimento.