Mantega concede coletiva aos jornalistas e diz: "nos recusamos a participar das reuniões do G7 ou do G8 como meros tomadores de cafezinho. Ou o G7 muda de figura e se transforma em G13 ou G14, ou vamos fortalecer o G20"| Foto: Jose cruz / Abr

O grupo de países que compõe o G20, formado por 20 países em desenvolvimento, é mais representativo do que o G7, que reúne os sete países mais ricos do mundo, e discutirá neste sábado (07) a ampliação do G20, com a proposta de inclusão de chefes de Estado no grupo, atualmente formado por ministros de finanças e representantes dos bancos centrais. A afirmação foi feita nesta sexta-feira (07) pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, durante a primeira coletiva que busca resumir o resultado das primeiras reuniões realizadas no encontro do G20 em São Paulo. "Nos recusamos a participar das reuniões do G7 ou do G8 como meros tomadores de cafezinho. Ou o G7 muda de figura e se transforma em G13 ou G14, ou vamos fortalecer o G20", afirmou. Por este motivo, Mantega defende a participação de chefes de estado no grupo. "O G20 já é importante. E será mais ainda se for constituído por chefes de governo."

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Segundo ele, a proposta levará em conta também o aumento do número de reuniões por ano e uma ação mais atuante desses países em cenários de crise. "A crise global só pode ser combatida com uma coordenação mais eficaz dos países, e não só com o G7", criticou. "Todos nós deveremos estar envolvidos nas soluções dos problemas."

Outra decisão que foi tomada nesta sexta, na reunião dos representantes do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), é que esses países passarão a coordenar melhor suas ações. "Vamos estreitar a atuação na política econômica e torná-la mais próxima. Vamos trocar mais informações, de modo a potencializar nossa atuação", disse.

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Para Mantega, o G7 representa apenas uma parcela do poderio econômico mundial e não os países emergentes. "O G-7 é insuficiente para trazer soluções para os emergentes", afirmou. O ministro defendeu que é essencial reformular as instituições multilaterais fazendo com que os países do Bric se tornem mais participativos ou tenham voz igualitária. "Somos geridos por instituições criadas nos anos 40, mas o mundo mudou e os EUA não são mais o grosso da economia mundial", defendeu, acrescentando que os países emergentes já podem ser qualificados como responsáveis por 75% da economia mundial. "Temos pouco direito de voto, pouca ação nesses organismos. É preciso dar mais participação para os emergentes", argumentou.

A sugestão de Mantega é de que os países pertencentes ao G20 tenham uma atuação mais direta nas crises e desta forma representar melhor a correlação de forças que existe no mundo.

Recessão

Após participar de uma série de reuniões com representantes de países emergentes, Mantega disse que "parece inevitável a recessão nos Estados Unidos, na Europa e no Japão", gerada pela crise financeira global.

Na visão do ministro e dos outros representantes do G20, o importante é restabelecer a confiança e a oferta de crédito no mercado financeiro, de modo a minimizar os efeitos da crise sobre as economias emergentes.

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Mantega também afirmou que a avaliação dos países emergentes é que a crise tem afetado esses mercados por três canais principais: redução do crédito, menor fluxo de comércio exterior e retorno de capitais oriundos dos países avançados. Diante desse cenário e da necessidade de medidas para evitar novos problemas no sistema financeiro, ele afirmou que o G4 (formado por Brasil, África do Sul, Índia e México) e o Bric defendem nesta reunião do G20 que é preciso reformular e reorganizar o sistema financeiro mundial e ajustar o papel das instituições criadas em Bretton Woods, como o FMI.

Na visão dos países emergentes, de acordo com Mantega, faltam regras mais sólidas para impedir exageros de hedge funds. Ele também destacou a ausência de regulamentação, fiscalização e transparência nos mercados. Para o ministro, o cenário mostra que as agências de avaliação de risco falharam. Mantega também comentou que os emergentes defendem medidas para "contrabalançar" o efeito da queda das commodities, que prejudica países como a Rússia.

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