O ministro das Finanças de Chipre, Michael Sarris, disse nesta terça-feira (26) que os investidores que têm mais de 100 mil euros (R$ 260 mil) nos bancos do país poderão perder até 40% de seus recursos após o confisco que faz parte do resgate financeiro.
A retenção dos depósitos é a principal medida implantada pelo país para conseguir fazer a economia de 5,8 bilhões de euros (R$ 15 bilhões) exigida pelos credores internacionais para conceder o socorro financeiro de 10 bilhões de euros (R$ 26 bilhões).
Questionado sobre o tamanho da perda em entrevista à rádio britânica BBC, Sarris disse que o valor não deverá ser menor que os 40%. "O percentual exato ainda não foi decidido, mas deverá ser significativo. Deve ficar próximo disso", disse.
Segundo o ministro, a cifra será determinada após a avaliação dos fundos de pensão. Sobre a abertura dos bancos, reiterou a previsão de fechamento até quinta (28) e disse que o governo estabelecerá controles às movimentações de capital para evitar a fuga em massa de recursos.
Ele afirmou que as restrições serão maiores nos dois principais bancos do país -o Banco de Chipre e o Laiki Bank- e continuarão até o sistema bancário se estabilizar. No acordo para o resgate, o Laiki Bank será fechado e seus depósitos serão incorporados pelo Banco de Chipre.
UE
Hoje a Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia) disse que continuam as negociações para fazer a recapitalização direta do sistema bancário cipriota. O grupo é um dos credores do resgate ao país, junto com o Banco Central Europeu (BCE) e o FMI (Fundo Monetário Internacional).
O porta-voz de Assuntos Econômicos da organização, Simon O'Connor, disse que o caso de Chipre é único e que as declarações do presidente do grupo de ministros da zona do euro, Jeroen Dijsselbloem, sobre o acordo foram mal interpretadas.
O ministro disse que a zona do euro deveria ter como objetivo não ter que usar a recapitalização direta e que essa necessidade seria menor devido aos mecanismos internos. Para O'Connor, o desejo de que a injeção direta de recursos não seja necessária não quer dizer que a União Europeia abra mão de usar o recurso.
Enquanto se discute a aplicação do resgate, centenas de estudantes cipriotas protestaram na capital Nicósia contra as medidas de resgate econômico impostas ao país pela UE. Os manifestantes carregavam cartazes com frases contra a UE. "Fora a Troika de Chipre", "Tirem às mãos do nosso futuro".
Eles seguiram em marcha pelas ruas e concentraram seus atos no Parlamento e no Palácio Presidencial, onde ficaram por alguns minutos.
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