Greve não exime consumidor de pagar contas em dia
Célio Yano
Caso os trabalhadores dos Correios, de braços cruzados desde a quarta-feira (15), decidam manter a greve pelos próximos dias, consumidores poderão receber contas e boletos bancários com atraso, inclusive após a data de vencimento. Apesar disso, a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa ao Consumidor do Paraná (Procon-PR) alerta que o não recebimento das correspondências não dá aos clientes o direito de fazer os pagamentos com atraso. "Se atrasar, pagará multas normalmente", diz Ivanira Gavião Pinheiro, coordenadora do órgão.
A solução, explica ela, é procurar a empresa credora e solicitar o envio de uma segunda via da fatura por fax ou e-mail ou buscar outra forma de pagamento, como o depósito bancário. Apenas caso a empresa se recuse a fazer a cobrança de outra forma é que o consumidor pode reclamar junto ao Procon.
Ela ressalta ainda que a suspensão ou o mau funcionamento de serviços dos Correios não permite aos cidadãos reclamar ou olicitar indenização da estatal. "Não se trata de um impasse entre empresa e cliente, e sim entre trabalhadores e governo federal", diz. "O direito de greve é legítimo", lembra.
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Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) de Curitiba e região, em greve desde a quarta-feira (16), protestaram na manhã desta sexta-feira (18) contra o que consideram intransigência da companhia na negociação com os empregados. Ao invés de cartazes e faixas, entretanto, os manifestantes lançaram mão de mangueira e vassouras para fazer uma lavagem simbólica da calçada em frente à sede estadual da empresa, localizada no bairro Rebouças. "Uma limpeza da sujeira dos dirigentes dos Correios que não contratam pessoal", explicou Sebastião Cruz, secretário de finanças do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR).
Segundo Cruz, cerca de 300 grevistas participaram da manifestação, que começou às 11 horas e durou cerca de 30 minutos. De braços cruzados desde a quarta-feira, os trabalhadores dos Correios pedem, além de reajuste salarial, melhores condições de trabalho, redução da jornada e segurança armada e portas giratórias nas agências. "A responsabilidade pela paralisação é da empresa, não dos trabalhadores", afirma o sindicalista. "Se não negociam com a categoria, é um direito nosso entrar em greve", diz.
Na quinta-feira (17), os trabalhadores fizeram outra manifestação, em uma passeata pelas ruas do bairro Rebouças e do Centro de Curitiba.
Correios recorrem ao TST contra greve
Na manhã desta sexta-feira (18), os Correios informaram que vão recorrer ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) contra a greve dos funcionários, que entra no terceiro dia. Na noite de quarta-feira, a empresa fez uma proposta de reajuste salarial de 9%, a partir de 1º agosto, e aumento linear de R$ 100, a partir de janeiro de 2010. Em assembleia, o 27 dos 35 sindicatos regionais da categoria, entre eles o Sintcom-PR, decidiram manter a greve, por acreditar que a oferta ainda é insuficiente. Os trabalhadores reivindicam reposição salarial de 41,03%, que, segundo eles, equivaleria às perdas somadas desde agosto de 1994, além de aumento linear de R$ 300. A greve atinge principalmente o setor de distribuição. Segundo a entidade que representa os trabalhadores, mais de 90% do setor de distribuição aderiu à greve. Já os Correios dizem que em torno de 40% estão de braços cruzados. Por conta da paralisação, os serviços de Sedex 10, Sedex Hoje e Disque Coleta foram suspensos.
Em torno de 600 mil correspondências deixaram de ser entregues em todo o Paraná desde a quarta-feira, segundo a ECT. Destas, 300 mil estão retidas apenas em Curitiba e região. O Sintcom-PR realiza mais uma assembleia para avaliar o movimento e votar se mantém a greve às 16 horas desta sexta-feira (18).
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