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CNI

Indústria cobra do governo plano de incentivo à competitividade

O setor industrial brasileiro cobrou nesta quarta-feira do governo medidas de estímulo à competitividade nacional em um momento em que o país vive uma "festa" de importações propiciada pela desvalorização do dólar e guerra fiscal dos estados.

Reunidos em evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), empresários dos mais diversos setores reclamaram do chamado "custo Brasil" e ouviram do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Nacional (BNDES), Luciano Coutinho, que o país "está maduro para ter uma taxa de juro muito mais baixa que a atual".

Segundo Coutinho, que evitou comentar se fará parte da equipe da presidente eleita Dilma Rousseff, o governo prepara para anunciar no final deste ou início do próximo ano um pacote de medidas para estimular as exportações da indústria, melhorar a competitividade e incentivar pequenas e médias empresas.

"No médio prazo (o período de um governo) temos sinalização clara da presidente eleita, do ministro da Fazenda, que a relação dívida/PIB vai cair e o superávit fiscal será mantido de forma consistente, de tal maneira a criar condições para uma redução da taxa de juros do Brasil", afirmou Coutinho a jornalistas, após o evento.

"O Brasil tem fundamentos macroeconômicos sólidos e tem condições de desfrutar uma taxa de juros muito mais baixa do que a atual", acrescentou.

O presidente do BNDES afirmou ainda que o atual governo e a equipe de transição da presidente eleita estão trabalhando em uma nova etapa do Programa de Desenvolvimento Produtivo que está pendente "de entendimentos finais" antes de ser anunciada.

Os detalhes, segundo Coutinho, estão em torno de aperfeiçoamento no tratamento tributário das exportações e combate a canais de importação como os mantidos por estados que concedem benefícios tributários, além de melhora dos mecanismos de ressarcimento de crédito tributário às empresas.

Do lado do financiamento, Coutinho afirmou que as medidas do plano envolvem atuação conjunta do BNDES e do mercado de capitais para ajudar o investimento industrial.

"Precisamos concluir os trabalhos e discutir na transição. Não sou dono do "timing", mas vamos ter que rapidamente apresentar essa perspectiva e o sentido de urgência e angústia da indústria."

O sentido de "urgência e angústia" da indústria foi descrito pelo presidente da Braskem, Bernardo Gradin, como uma situação em que o país "vive a crise que está por vir" diante das crescentes importações e avaliação de que o Brasil não é competitivo. "Poderemos viver uma crise de competitividade ainda maior pela ocupação do mercado por produtos chineses", disse Gradin no evento da CNI.

O presidente do Conselho de Administração da Gerdau, Jorge Gerdau, resumiu a cobrança do setor industrial na garantia de mecanismos que estabeleçam isonomia competitiva, que além do impacto cambial da desvalorização do dólar e dos juros elevados lida há décadas com gargalos logísticos e cadeia tributária complexa com impostos também sobre investimentos.

"Com essa balança (comercial) e o dólar como está, o país está em festa (...) Dólar baixo limita a pressão inflacionária de forma extraordinária, mas isso gera distorções importantes na estrutura da economia e a pergunta que temos que fazer é que país nós queremos ter no futuro", disse o empresário.

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