Após um mês de trégua, a indústria voltou a demitir trabalhadores em janeiro. Houve ligeiro recuo de 0,1% no número de empregados em relação a dezembro, segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário divulgada nesta sexta-feira (21) pelo IBGE. Na comparação com janeiro do ano passado, o pessoal ocupado assalariado na indústria encolheu 4,1%, o 40.º mês consecutivo de cortes de vagas. “Ou seja, são mais de três anos de quedas no total de ocupados na indústria”, ressaltou Fernando Abritta, economista na Coordenação de Indústria do IBGE.
O número de empregados no setor já está 9% abaixo do pico registrado em julho de 2008, pouco antes da crise econômica mundial. “A conjuntura continua desfavorável. A inflação alta ultrapassou o teto da meta do governo, os juros estão subindo desde 2013, a construção civil está desaquecida, a confiança do empresário continua em queda, a balança comercial negativa, os estoques seguem elevados”, enumerou Abritta. “Então o cenário não é favorável”, completou.
Em relação a janeiro de 2014, o número de vagas diminuiu em 17 dos 18 ramos investigados pelo IBGE. Os setores que mais demitiram funcionários foram máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-11,3%), meios de transporte (-7,7%) e produtos de metal (-7,7%). O único setor a aumentar o número de postos de trabalho em janeiro foi o de produtos químicos, mas a alta foi de apenas 0,5% no total de ocupados em relação a um ano antes. “A crise no mercado de trabalho da indústria brasileira permanece, portanto, bastante aguda. Observa-se também que ela é geral”, avaliou, em nota, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O número de horas pagas aos empregados até registrou ligeira melhora (0,2%) em relação a dezembro, após uma sequência de oito meses de quedas. O indicador costuma sinalizar movimentos futuros da ocupação na indústria, uma vez que os empresários preferem primeiro calibrar o ritmo da produção através do aumento ou enxugamento da jornada de trabalho. Mas o IBGE ainda não vê sinal de melhora no indicador. “Ainda é muito cedo para falar em reversão [na tendência de demissão de trabalhadores]”, disse Abritta.
O valor da folha de pagamento real dos trabalhadores diminuiu 0,5% na passagem de dezembro para janeiro, sob influência do resultado negativo da indústria de transformação. No entanto, o segmento extrativo registrou um salto de 9,1%, explicado pelo pagamento de participação nos lucros e resultados em uma grande empresa do setor.
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